segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Rodopios

Pés descalços, tranças tornozelo, eu beijo seus dedos, você os brinca inteiros. Subo, conhecendo o roteiro, pantorrilhas arrepiadas, joelhos, coxas rijas, virílias, disparates, desmantelos... Jah, quanto cheiro sou eu no teu pelo, quando dente sou eu em ti quente, mais que ânsia que treme, que geme, que linhas, que colinas, que suaves caminhos que desperto e sorvo.

Com fissões



Confesso que eu quero tudo que ainda não vi, nem toquei, nem senti, confesso que eu quero dentro e fora de mim, sem diferenciar, fundido no céu e no mar... Confesso que eu acredito que tudo vai acontecer, que o sonho é uma antesala do amanhã que está para ser... Confesso que eu amo mais do que se possa caber, medir, amar, receber... Confesso que eu quebro, derreto e brinco... que eu faço sem-querer-querendo, só de sacanagem, só pra rir sem mais... Confesso que eu gosto de criar, imaginar e pior, tudo que era pó se faz sem dó, e da garganta escapa aquele gemido sincero da fissão dos átomos libertando extrema energia. Confesso que eu sexo, que eu corpo e que eu mordo. Que dói, mas é bom. Confesso que eu não me restrinjo, não me limito, não me seguro, eu sou no fundo o que acabou... Mas não é o fim, há sempre mais... Mais para sentir, para fundir, para confundir... É demais para entender, é melhor esquecer e lambuzar...

Brincadeiras

Ela anda pela rua, ela anda toda nua. Ela é cheia de graça, ela não cobra, ela rasga. Ela é cabelo negro, ela é pele morena, ela é mais que aperto, ela é gosto de morrer. Ela é, ela quer, e basta. Ela é um tanto epiderme, um bocado serelepe, ela é a pura distração. Ela chega quando sai, ela vai quando é, ela é tão cheia de mel que eu preciso derreter gelo na nuca pra sobreviver. Ela imaginação, ela viciação, ela garoa de tarde finda, ela não se descreve, nem revela segredos, mas deixa recados bem lembrados. Ela madrugada, eu madrugado, ela insônia, eu acordado.

Fode tudo...



Sou
Todos
Mundo
Indo
Rindo
Ex-istindo
Ex-ploindo
Ex-primindo

Nesse canto
Esse bando
Vai dançando
Sem descanço
Só encanto

Balanço de vai-vem
Tapetes de cambalhota
Redes de gargalhada
Frigideira guloseima
Juntando tudo e mais um pouco
Chega junto tira a roupa
Que aqui é mó festança
Cheg´até cansar as ancas
de rebolar no mato

É erva, é chá, é fumaça
E eu trago na boca um laço
Pra desatar no abraço
No regato, no espaço
Quero mais é ser palhaço
Cutucar o sem-graça
E chamar tod´a praça
Pra festejar o fato
De que estamos festejando!

Putz, foda fode tudo
E só assim eu mudo
Pra fazer o mundo
Ser mais do que quiser...

Uma música - The Rip Tide - Beirut