domingo, 19 de abril de 2015

Jardi´mim...

Meu afeto pelas plantas só cresce. Estabeleço a cada dia uma relação e um ritual de amor. E esta relação me tem feito pensar e aprender sobre as relações humanas. 

Todo dia quando chego em casa, às vezes a tarde, às vezes a noite, dedico atenção às minhas queridas e adoráveis plantas, flores, hortaliças, ervas, espontâneas, guerreiras. Não raras vezes nem chego a entrar em casa, largo minhas coisas na varanda e dou início ao ritual que há alguns meses passou a fazer parte de mim e de nós - Primeiro, olho-as com atenção. Longo tempo, observo uma por uma, vejo como cresceram, como estão, como se sentem, que novidades tem, que fizeram de bom. Só então, após vê-las e senti-las com atenção, posso iniciar os primeiros cuidados... Eventualmente uma atenção a uma folha doente, um apoio a uma delicada que precisa ser levantada, outra precisa se mudar para um lugar onde se sinta melhor, com mais luz e mais espaço para ser feliz e, depois de todos esses cuidados, a essencial saciedade da sede... aguá-las com calma, sentindo o tom do beber de cada uma. Gosto particularmente de ouvir o barulho que a água faz na terra ao ser absorvida no vaso-jardim-casa de nosso gnomo, vaso-jardim esse que possui duas jasmineiras, dois pés de bucha, um de louro, um de salsa e algumas lindas e alegres espontâneas, além, é claro, da casita de nosso amigo mágico, uma esplendorosa concha marinha encaracolada. Após aguá-las, ou às vezes antes, ou em vários momentos, dá-me uma enorme vontade de plantar algo mais, por uma semente na terra, preparar novos jarrinhos com garrafas pet ou outro material ressignificado para virar ninho de vida. Às vezes não consigo dormir sem plantar algo novo. E muitas vezes durante o dia, a cada mês, a grande alegria é conseguir uma nova semente ou novas mudas que vão encantar ainda mais o jardim-horta. E as inúmeras folhas caídas no chão, cuja limpeza antes simbolizavam o ritual budista do cuidado diário e renovado de tudo que cai, de tudo que é, agora me animam imensamente, pois agora para mim representam o milagre da cobertura de solo! Proteger o solo, devolver a ele nutrientes, colaborar com o ciclo da terra, ver as folhas virarem terra, ver a terra escurecer com mais nutrientes - me faz feliz demais! Os margaridões pioneiros especialmente localizados na entrada da casa me presenteiam todos os dias com seu espetáculo de incontáveis flores-solares-de-mel magnificamente brilhantes transpassando o alto do muro... Amo cada uma dessas flores. E coletar as folhas naturalmente secas do margaridão e depositá-las nos ninhos de folhas secas, para decomporem-se, também é uma de minhas brincadeiras! Conduzir o crescimento exuberante do pé de jerimum - ai que delícia! Como cresce, como se ramifica, como cobre verdejante a terra com suas grandes e peludas folhas... E trepadeiras! A missão sombra impulsiona nossas várias trepadeiras... além dos pés de bucha e da jasmineira, temos também um pé de Guaco e uma que ainda não tenho certeza, mas creio ser o revolucionário maracujá! Espero! 

De toda essa alegria, e desse ritual, eu penso - o que significa olharmos com intensa atenção e carinho para as pessoas com que estamos, percebê-las, senti-las, ouvi-las com todo o corpo, para então buscar formas de contribuir com elas, compartilhar algo que possa fazê-las bem, um apoio, um impulso, atenção, presença. E sempre pensar que novas gestos podem ser plantados, novos crescimentos desta pessoa na relação podem ser cultivados e com isso também cresceremos... E muita celebração e alegria nisso tudo... 

Enfim... cultivando...

sábado, 4 de abril de 2015

Puxando o leme...

Motivos. Caminhos. Realização...

Perguntar-se por que estamos aqui, para onde estamos indo, por quê seguir adiante... podem ser perguntas desesperadoras, sem sentido e desanimadoras...

Mas, eventualmente, elas surgem, elas nos colocam contra a parede, elas nos tiram o ar e o sono...

Tiram nosso chão, criam um vácuo em nosso peito, apertam... E exigem ações, atitudes, alguma forma de resposta.

Cada escolha que assumimos está acompanhada dos riscos, das possibilidades de venturas e desventuras, de acertos e erros, de satisfação e tristeza, desânimo pelas perdas e insucessos, novas buscas, novos caminhos, novos abismos...

Eu busco existir realizando-me - explorando os potenciais e inevitáveis da minha personalidade e aptidões, sonhos e loucuras; e nesta autorealização, relacionar-me com o mundo criativamente e transformadoramente - provocando mudanças, impulsionando rotas, abrindo brechas... 

Hoje descobri mais algumas sementes no peito... algumas antigas, largadas em algum canto escuro, outras inusitadas e inesperadas... Hoje virei a roda de leme para outros lados... quero novos mares... escolhi, enfim, alguns que parecem navegáveis...