segunda-feira, 29 de junho de 2009

Olhando para cima...

Balões de Emoção

Por que estou assim, ansioso?
Por que tudo agora consiste em esperar?...
.
Por que, se há tanto tempo eu já encontrei
A menina que eu sonhava...
.
Sinto-me assim partido... algo em mim partiu... foi embora...
Ai, não sei... ou chegou... ou está... ou não está?
.
Sinto-me novamente naquele caminho no fim da tarde
com árvores feito torres elevando-se ao céu
e uma pressa enorme em chegar em um lugar
que eu só conheço na intuição
.
E também me invade uma imensa vontade
De parar tudo e estar
Estar...
Estar...
.
Ah, estou imerso em um vício de emoções
Em minhas veias uma explosão de sensações me excitam
Inquietando cada bater de meu coração
.
Sempre que olho para o amanhã, menos conheço de mim mesmo
Mais o que sinto vence meus conceitos
Mais as forças se rendem diante das imagens
Mais, mais, mais... tão mais...
.
Tanto eu flutuo que estou perdendo o rumo
Vagando em uma correnteza inebriante
Cada vez que solto o ar eu afundo
Sou um balão solto no vento...

Folhas molhadas

De noite, amada, amarra teu coração ao meu
e que eles no sonho derrotem
as trevas como um duplo tambor
combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.
Noturna travessia, brasa negra do sonho.
Interceptando o fio das uvas terrestres
com pontualidade de um trem descabelado
que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.
Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro,
à tenacidade que em teu peito bate.
.
Com as asas de um cisne submergido,
para que as perguntas estreladas do céu
responda nosso sonho com uma só chave,
com uma só porta fechada pela sombra.

Pablo Neruda
cadê você, que não aqui, perto de mim?...

Meu alimento


Se eu sou uma bagunça
A bagunça faz parte de mim
Se as idéias se confundem
Sou totalmente uma confusão de tudo que o amor conhece
Desordenadamente norteado pelo início do fim
Finalmente iniciado na caminhada da vida
Indiferente aos buracos e aos suores que pingam
Inconsequente quanto às mazelas que se autoprocriam
Vou cambeleando na ginga do cigano
Que outrora eu posso já ter conhecido
É saudável ignorar as inconstâncias do destino?...
É seguro dar sentido ao insignificante milésimo de segundo?...
Por que as minhas lembranças não passam na parede
Como o filme mais incrível que eu jamais verei novamente?
Que insânia recriar a criação dos nossos desejos em momentos inteiramente
novos
No final, o início se repete inteiramente novo
E serei seduzido como um menino que acabou de nascer
E viu pela primeira vez a beleza de viver.


Pontos finais estão em extinção, restará somente o último deles...

Escrevo poemas para o céu...


Qual a sensação de a tudo sentir?
Cada molécula do corpo que pulsa nas extremidades e nos interiores...
Cada sibilar de vidas multicores incomuns e espontâneas
Depois de certa super sensibilização dos sentimentos
Estou assim, extremamente sensível...
.
.
.
.
.
E minha respiração me dá um novo fôlego
Para respirar as lembranças dos últimos dias
Transbordantes de saudades e emoções sutis e delíciosas
Ai, como eu queria estar contigo agora
Bebendo da mágica da tua vida
Deixando derramar-se no meu corpo a beleza que és
Queria, sim, estar em um mundo
Onde a relva e o orvalho e a seda e as mãos unidas fossem as únicas existências
Só por um instante eterno...
.
.
.
.
.
Que relance por minha janela
Paralelamente ao universo
Voando um passarinho negro
Que leva consigo meus olhos inteiros...
.
.
.
.
.
Hoje meu sono será em lugar diferente
Deitado sob o vento ante a canção do poente
Ontem me deitei na candura da tarde
Amanhã o sol irá brilhar na beira de minha saudade
.
.
.
.
.
Queria caminhar velozmente até as portas de tua mente
E encontrar-lhe lá dentro como uma princesa de lilás
Onde eu estaria, na minha alma de sonho?...
Ou nos meus olhos brilhando como a água sob a luz?
.
.
.
.
.
Meus cabelos se arredondam nos caminhos que para ti conduzem
Não existem versos para encontrar a verdade deste momento
Mas estou aqui na madrugada a esperar sua chegada
Em um para sempre que sempre será.

domingo, 28 de junho de 2009

Essa saudade que eu sinto...


...de tudo que eu ainda não vi...

E de tudo que amo... e de tudo que é belo... tudo que habita em mim...

Saudade da vida... saudade do abraço... saudade do beijo... que ainda será dado...

Saudade do olhar... saudade do sabor e do cheiro e do gesto e da sensação...

Saudade de estar... saudade de ser... saudade do futuro que me espera no meu sonho...
.
Saudade da companhia que não está comigo agora... saudade de tanto, de tudo, saudade....

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Desabafos tardios fora de hora


Explosões

Para nossas explosões
Não nos explodirem
- Ou que seja, que importa? -
Precisamos
Escrever nossa dinamite
E acender o pavio
Com nossas trevas

Porque a garganta não possui
A potência de uma bomba de estilhaços
Ou a carnificina de metralhadoras de cansaços
Nem as unhas e as dores bastam
Quando o que dói não é o corpo, mas a vaga espera
Da alma...

Que desabe tudo, pedras melancólicas
E abafem do sol a brisa bucólica
Porque o calor se foi com a chuva
E os pingos do céu são cópias fajutas
Do que há muitos séculos em mim já choveu

O vazio esquelético que me mata de fome
Essa voz inaudita que grita meu nome
Adaga de névoa que me rasga e consome
Abriu o meu peito e deixou escapar

A singela esperança de pertencer a este mundo
A opaca vontade de conhecer todo mundo
Quando a bruta verdade é que estão todos surdos
E dormindo na vida porque ninguém quer ver
O que às vezes eu sinto que só eu enxergo
O que às vezes parece que só a mim dói
Essa morte que reina, que apaga e corrói
E joga a mortalha no meu coração.

--//--

Esse poema foi escrito, mas não foi sentido no momento da escrita. Ele reflete um sentimento que ocasionalmente me acomete e me afunda, como uma onda pesada que nos bofeteia os sentidos em momentos distantes. Assim é o sentimento da solidão e assim ela se combate - Escrevendo.

Espero que diga algo para alguém.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Na natureza


Coelhos e Lobos

Nessa caminhada exaustiva, debaixo do sol a pino
Em todos os passos noturnos, ouvindo o canto das corujas
Pelas trilhas costeiras, com o mar castigando nossas pernas
Através das ruas escuras dos nossos sentimentos submundos

Eu sigo... e erro e dano e amo e vamos... seguindo... sem saber
qual será a próxima queda e quem sairá machuado ou machucada...

E passam as horas como se fossem dias e os anos como se fossem décadas
Porque a intensidade da vida é uma avalanche de sentimentos
que não nos cabem no peito, que nos soterra nas ondas, nas eras...
.
Ah.
Cada respirar é um início
Que pode se tornar um amor
Que pode se tornar algo
Que não sabemos para onde vai...

Ah.
Porque nosso coração se parte em pedaços
Tão impossível é conter o mundo inteiro
E toda a dor e amor de tudo
E tudo de amor que em dor se torna...

Ah.
Os quadros não se contentam com as molduras
Os olhos querem mais que apenas ver
E eu acho que já não me basta apenas ser
Queria ser cada parte de mim algo inteiro...

Oh, que por tudo me perdoe...
E você tenha o que sonhou
Eu me contento em ver passar
Aquilo que encontrei de flor

...
E cada palavra minha me compromete
E cada palavra minha me engole mais
E cada palavra minha diz o que eu sinto
O que eu não devia dizer jamais...

Amar é algo inexplicável...
Indivisível e infinito...
Sim, sim... basta?
Acho que não.

E eu continuo pensando na vida... e vivendo sem pensar...
Desculpe Lilla

domingo, 21 de junho de 2009

Cantique d'amour

Amo pela alegria infinita de amar:
pela promessa de felicidade
que há de sempre florir no teu sorriso, que há de
eternamente arder no teu olhar...

Amo pela alegria
luminosa do amor: do amor que é como um sol
para o qual eu me volto todo, cada dia,
hipnotizado como um girassol...

Amo ― e este amor
é toda a esplêndida, a única alegria
da minha vida...

E se algum dia
tu me vires chorando, partido de dor,
como uma pobre coisa desgraçada,
como uma triste flor esmigalhada
entre os teus dedos, meu amor,
não enxugues meu pranto! Ri! Ri teu sorriso
de ouro! Sacode tua vida como um guizo
sobre a minha!

E, depois, deixa-me só, pensando
que é de alegria que eu estou chorando!

Guilherme de Almeida

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Estou aqui.


O que faço de minha vida? O que faço de meu coração?
Quem disse que sobre ele tenho uma firme mão?
E que ela segue para os caminhos que trilho?

Sim, sim, faço o possível!
Edifico planos, crio trajetórias
Para que meus sonhos
Ergam-se como torres...
E não vaguem desvairados
como aves migratórias

Mas algo falta, algo que não consigo ver...
Não sei, não sei, não sei o meu futuro...
Mas nada nessa vida é seguro,
Só o que resta é pagar pra ver
Arriscar, não ter medo de sofrer
Ou de amar profundamente aquela
De ser eterno enquanto for.
Amor.
--//--
Meu coração tem altos e...
Difíceis de entender...

Se eu fosse jovem, eu fugiria da cidade, eu enterraria meus sonhos nas profundezas...


Coelhos e Cupidos


Deixe-me ser apaixonado
Mesmo que só por um instante vago
Pelo brilho de uma sombra escura
O triste e belo canto dos campos de uva
Embebido no sonambulismo dos teus olhos
Enfeitiçado pelos fios que de teu corpo emanam
No limite sensual de vidas separadas
O abismo de amores que explodem e se calam
O derramar de veias que nos corações se enganam
Numa vã tentativa de luz dispersa
No infinito do alto mar de violetas
Onde eu queria me afogar... céu de estrelas...

Deixe-me, deixe-me... não me respondas mais...
Que neste lugar onde tudo esquecido jaz
Ninguém nunca me fará as perguntas
Que eu gostaria que não me fossem feitas
Mas que desesperadamente responderia
Em busca de algo no fim do dia
A névoa fria da madrugada negra
O peso perdido do sonambulismo

Deixe-me ser apaixonado
Por essas molduras negras de tua alma
Por este sorriso que eu desconheço
Tudo isso por que eu sinto saudade
Sem nem mesmo saber do que eu falo
Deixe-me, deixe-me...

Porque no meu destino não há qualquer agrado
Pois o mundo se esconde, se encolhe de lado
Por qualquer caminho por onde eu passo
N´um sentimento de fuga e medo e fado
Pelas vidas e as mortes de todo o mundo
Que eu vejo perderem-se enquanto aqui eu calo
E enquanto minhas forças não destroem o fraco
Que se abriga na minha alma fugitiva...

Porque todos que eu conheço passam
Mas não a sensação de que eu ficarei sem nada
Que as conversas e as pessoas de granizo
Caem do céu e derretem meu sorriso
E somem na penumbra no fim da ocasião
São todos conhecidos, não há nenhum irmão
E ninguém me conhece por inteiro
Mesmo que eu quisesse ser um tagarela
Envergonham-me as palavras para o vento
Que parecem não fazer sentido
Não funciona nada do que eu tento
Para deixar de ser-me apenas uma espera...

Ah, deixe-me ser um apaixonado
A última droga a curar o meu estado
O torpor de emoções que só querem mil beijos sagrados
E de mim não espere mais que estar ao seu lado
Sendo o que sou, sendo o que há
Contigo, seja como for...
Ser, ser... ser amor.

--//--

Transloucado em palavras, desvairado, soterrado por sentimentos, eu sou.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Soninho...

Preciso dormir mais...
Deitar-me no sonho de um abraço
De baixo de lençóis e beijos seus
Para recuperar as vidas que se esgotaram
Na exaustão de uma noite mal-dormida...

As letras que se embaralham na minha vista
Embaçam enquanto eu sonambulizo
Queria deitar no teu ombro macio
E lá ficar o resto da minha vida...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Verde que te quero verde

Laranjas penduradas na janela
Relvas cores muitas nas paredes
Púrpura loucura de cerejas
N´um pote de morangos e cidreiras

Uma brisa de hortelã tardia
Na tarde que não finda nesta vida
Batendo as idéias com a chuva
Para nascer o paraíso de brilho e uva

Queria, sei lá, qual salada de fruta
Estou sentindo um frio gostoso de serra
O orvalho descansa nos meus ombros
Também podes sentir o cheiro de terra?



//
Sonhos...
poesia pela poesia...
N´um dia de grama...
No bosque da casa
Na árvore do sol
Brisa de fruta
Tronco de açúcar
Maçãs, melancias e nuvens
...
...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

até a ponta do mundo...

Latitudes

Por línguas que mal-conheço

Quero viajar
Encontrar palavras invisíveis
Inventar flautas em praças verdes
Criar imagens inalcancáveis
Sem preocupação de mundo ou tudo

Passear pelo povo de sangue amigo
Por ruas que nunca vi
Pela primeira vez passar
Descobrindo esquinas de frutas
Sabores e novidades
Amigos, amigos
De um instante só
Mas que nunca
serão esquecidos.

Conhecer.
Vagar.
Andar.
Perambular.
Andar´ilha
a gigante ilha
o meu Continente
América
Latina
Cisplatina
Andina
Sulina
Nordestina
ou
simplesmente,
Latina.

Essa menina,
Essa mulher,
Essa Terra
de sangue e luz
de mil azuis
céus e mares
e de vermelhos acres
dores milhares
e uma sede imensa
de justiça intensa
verdadeira e plena.

Andar!
Reconhecer
os irmãos de todas as eras
em abraços, em esperas
as irmãs austrais,
caribenhas, centrais
que sorriem culturas
ancestrais.

Quero ir até a ponta do mundo,
Até o sul do horizonte,
Além dos picos gelados,
Através dos litorias pacíficos
Margendo os limites atlânticos
Por dentro dos portais amazônicos
Até as esferas tropicais.

Porque em meu sangue já existe
Tudo isso.
Das minhas veias precisa voltar
Para o universo que habita
Dentro e fora,
parte
e inteiro
do continente
latin´americano.