quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Mar Revolto


"Já sei pra onde vou
Eu vou sentir o calor da rua
Já sei pra onde vou
Quando o tambor explodir a rua"

O que não nos mata, nos ensina a não morrer. Porque a Vida não tem moral, não tem bons costumes. A Vida é o Fluxo, puro e simplesmente. O movimento que cuida, mas também avassala, que ama e sem pestanejar, destrói. A Vida, como eu entendo e chamo o Todo, o Tudo, o Uno, já quase arrasou toda a vida deste planeta não menos que cinco vezes. E agora estamos nós, manifestações da Vida, nos esforçando para destruir toda a vida deste planeta novamente.

Não se trata de viver ou morrer. Para a Vida, isso não importa. É como se nos preocupássemos com cada célula que morre em nossos corpos. A cada instante milhares de células estão morrendo e sendo mortas. Verdadeiras guerras são travadas dentro de nós, células brancas contra células invasoras, fungos, bactérias, vírus, toda sorte de combate se travando, toda sorte de cadáveres sendo expelidos. Não se trata de viver ou morrer. Se trata de se manifestar, de expressar TODA a chama, o potencial, a capacidade criativa e transformadora que temos dentro de nós, enquanto manifestações desta vida, para o bem e para o mal, sem medo da sombra, sem excessos de luz, sem temor ao obscuro, sem salvações iluminadas, com todo Amor e toda Treva, toda Dor e todo Sentir, com tudo e com todas, em tudo e em todas. 

Infinitamente mais, porque aceita a mudança no menor tempo possível, no incessante malabarismo-equilibrista dos pratos e adagas suspensas do Aqui e Agora.

Se vou morrer ou viver, não importa

O que importa é SER, continuar SENDO, manifestando-me nas infinitas possibilidades da Vida.

Meu nome é Pequen(a)Mar e assim falei.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Certa manhã acordei de uma noite tranquila


Como quem não quer Nada
Porque Tudo já nos satisfaz
Afinal os Corpos sabem os caminhos
Que levam do início ao meio 
Um tanto mais profundo
do que podíamos imaginar
surpresa, segredo, apreço
sem medo, o círculo sagrado
foi devidamente evocado 
e os demais seres presentes
nos queriam muito bem e quentes
autoconhecimento feito pelos dentes
Orgasmos cósmicos malemolentes
lenta e calorosamente
assim como percorre a lua 
nossos ciclos mágicos
da forma como as marés 
nos orientam quem somos 
e nossas sensações subterrâneas
e cutâneas e espontâneas
simplesmente prânicas
Simples como a água
que vaga molhando 
o que estiver seco
hidratando 
o que estiver vivo.

Aos Besos de Desayuno - Calle 13

Imagem de Pablo Amaringo