quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Chama e Flor

Cultivo

Penso em todos os meus sonhos
Planto mais alguns, cultivo os maduros,
Lembro do presente, da água, do adubo,
Trabalho duro para germinar triunfante
O broto inocente das sementes.

Atento, ouço meu peito arfante.
Lá surgem meus mundos latentes,
Dentro, um coração matriz
E espalhadas por todo corpo, raízes.

Captam dos poros, sensações felizes
Dos abraços que dei, dos poemas que fiz,
Sentimentos que transbordam pele afora
Mas que nasceram no lado esquerdo
Do meu peito.

Tudo que minha alma imagina
Meu amor sente, expande, adora.
E o maior cultivo da minha vida
É meu grande amor por esta menina.

Amor, amor


A insônia das lembranças incessantes
A doçura dos olhos de diamante
A brisa noturna através da janela
Trazendo o rosto delicado dela

O ninho de abraços aconchegados
O infinito de cachos enamorados
O tempo que pára para beijá-la
Meu ser que é tudo por ela

Amor, amor, amor de sol
Afugentando temporais, pintando o céu
Com as cores que brilham em seus cabelos
Com os primeiros raios do arrebol
Com o gracioso, charmoso pincel
Da ponta dos teus e dos meus dedos
Entrelaçados, apaixonados, tanto e sempre
Unidos simplesmente, de repente.

Não estejas longe de mim um só dia...


Poema XLV - Pablo Neruda


Não estejas longe de mim um só dia, porque como,
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.

Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando casa
venha matar ainda meu coração perdido.

Ai que não se quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas pálpebras na ausência:
não te vás por um minuto, bem-amada,

porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo.

Sonâmbula nuvem dos ventos...


Violeta

A minha vida de amor me violeta
E eu me vejo cercado de tanto ópio.
Já não agüento os sentimentos de amora,
Quero esquecer todo meu orvalho.

A sonâmbula nuvem dos ventos
Não me disse quem eu era,
Deixou-me nos sonhos dos sonos
Acordado para a vida de vidro.

Saberias me dizer palavras?
O ânimo se esconde nos seus olhos.
Eu sei que não existe o estreito
Laço entre dois e a solidão.

"Enterrem meu coração na curva do Mar..."


Saudade de ti


Uma sonolência dos sentidos,
Sensação nublada de momentos perdidos,
Sons arrastados, músicas esquecidas,
Passos curtos, minúncias despercebidas,
Caminhos turvos, finais imprevistos,
Dias mudos, pálidos, interrompidos...
.
Qualquer coisa não vale nada,
Uma esperança mal-humorada,
Um desejo espremido por paredes invisíveis,
Incessantes lembranças de tempos incríveis,
Uma caminhada sem rumo, sem notar por onde pisa
Um sol que brilha totalmente cinza
Cascalho e água gelada inundando o mundo
Verdes opacos permeando tudo
Nenhuma lua por milhares de dias
Estrelas apagadas em um céu tremido
Um mar parado sem nenhuma vida
A saudade que sinto por esta menina.