terça-feira, 30 de maio de 2017
Próximos Espirais
Porta de vai-e-vem
Ciclos de evapora-e-chove
Cai-e-sobe, dói-e-cura
Ama-e-acalma
Começa-e-acaba
Acaba-e-tenta-de-novo
O verde na janela, salpicado de flores rosas tropicais
Com gatos passando por pontes suspensas
Entre cajueiros labirínticos e telhados engenbrados
A fraca luz de fim de tarde, quinze-horas-e-vinte-dois,
vidros coloridos e lâmpada sem graça
e pilhas de livros e garrafinha d´água
O riscado violoncelo entre sons mais agudos atormentados
Cavando uma beleza triste e preenchedora de vazios
As unhas azuis carcomidas e o amuleto verde florido no pulso fino
Cenários componentes desses estados de vida meio dormentes
Uma saudade revigorada, saída de uma caverna esquecida
Pouco mais de uma semana desde o fim do degelo
desse sentimento crônico que nos aproxima
Essa serpente caótica e sedutora que nos envenena
E cura e alucina e jura
que nunca mais e logo em seguida
Estamos nós, aqui, recaídos
Possuídos por nós
É bonito, é doce, uns toques azedos, outros doloridos
Mas é gostoso, vale muito, ainda valoriza e cresce
Agradece e pede cada noite outra vez que perdoe e cesse
as mágoas chovidas, absorva a terra para nova vida
E reflete, balança, calma: não se deixe excessiva
Cuide para que seja digno, saudável, colorido
Na medida, atenta e sensitiva
a todo indício e todo aviso, para que continuem
os ciclos, as espirais, nunca repetidas, mas
acrescidas, inspiradas, sensuais
Prazerosas e curiosas e seguras
e aventurosas e doçuras
Para nós
Film Credits - Oláfur Arnalds
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