Os olhos vibram, a luz centelha em clarões infimos, repetidos, fugazes, cortando como o piscar a escuridão... A vibração invade o corpo pelos ouvidos, mas segue também diretamente para o coração, a potência do ritmo se assemelha e sintoniza com o pulsar do coração, essa força externa impulsiona a liberação de rios de adrenalina, o sangue torna-se brilhante, de um laranja cintilante... O ritmo materializado em ondas poderosas deixa todos imersos, como se a atmosfera fosse a um só tempo sólida e fluida, como fios condutores de energias entre todos os corpos, todos pulsam livremente e em estranha conexão estelar... aquele grande descampago sob o céu estrelado é uma erupção de música, sons eletrônicos, virtualidade sonora, como canhões poderosos apontado para todas as almas... quebrando a cada batida as barreiras, as resistências, as separações, inundando os fôlegos de liberdade e excitação, explosões de movimentos, braços e pernas e pescoços e cabeças e troncos e gestos e expressões desconfiguradas de suas prisões habituais para deixarem-se fluir sem interrupções, sem pensamento, apenas o mais puro impulso emergindo de todas as profundezas intrínsecas de convulsão, ataques rítmicos, espasmódicos, cósmicos... tempestade de granizos musculares, chocando-se e lançando fagulhas de sensações, sentimentos energéticos esvoaçando-se e permutando-se entre os corpos, perfurando os poros dos sentidos, invadindo percepções extrasensoriais, superemocionais... o extravasamento é a rotina-instantânea, a expressão é a mecânica-criativa, a interdependência autônoma dos membros em movimentos desconectados e efervecentes e invisivelmente comunicativos explode em revoluções psíquicas-corporais... a mente celular liberta-se e o pensamento elétrico trepida todas as possibilidades... a liberdade não só do um, mas do tudo pertencente ao indivídual, da individualidade coletiva, da pluralidade única dos seres múltiplos... confluência diversificada, infinitas possibilidades, universo... humano...
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(Daft Punk
- músicas...)