Está chovendo, mas as janelas estão fechadas. A banheira sobre rodas range sua ilusão pré-programada. A visão está turva por intermédio da minha cegueira consentida. Aperto o botão 'desligar' da percepção do verdadeiro. Nesse auto(ignóbel) tudo poder ser desligado. Piloto automático de vidas sub-experienciadas. Há barulho mais eu não escuto. Sons gravados na memória ocupam todo o espaço. Chamo de normal a irrealidade, professo que minha cegueira e surdez são as únicas formas de entender alcançáveis. Esta máquina de 'senso-comum' é a minha religião sagrada. A consciência generalizada ordena os comandos do meu sistema. Pensar torna-se apenas um reflexo na aparência, cada ação repetindo o que nos foi autorizado. Vivo, assim, n´um circuito longo demais para minhas próprias pernas. Até que este circuito queime, tão curto que eu possa dar meus próprios passos. O motor estoure, a fumaça esvoasse e as janelas trinquem com as pancadas de minha testa ávida por descobrir o sabor da chuva.
Não sou de açúcar e gosto da dor da verdade.
Não sou de açúcar e gosto da dor da verdade.
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