sábado, 20 de dezembro de 2014

Ar (mor)...

I

Todxs nós temos duas biografias... dizia Milan Kundera... 

Uma dos amores que realizamos ou, talvez, se realizaram... mutuamente... E outra daqueles amores que nunca aconteceram... ou pelo menos, não extrapolaram nossa particularidade...

Uma vez eu vi em imagem e som > que dizia que o que nós vivemos e o que nós imaginamos é vivenciado da mesma forma pelo cérebro [ou pelo espírito?]...  O que pode ser interpretado com uma perversão metafísica da realidade... Ou melhor, que tudo que imaginamos nós também vivemos... Ou tudo que vivemos seria imaginação?

Acontece que entre amores que existem e amores que se imaginam, entre afetos que se tocam e afetos que só me afetam, equilibro-me, tonto e abandonado... 

Abandonei qualquer importância ao que não é... e vo(o) apenas no ser, seja real-imaginário, ou imaginação-realidade... 

Abandono-me de qualquer inquietação, conjectura tola, perda de tempo em não-ser...

Vivo... tudo que sinto, dentro e fora, foradentro... Imagino mundos... Mudo imaginários... Faço-me real na minha própria realização... sonho o que vivo, vivo o que sonho...

E amo viver sem reservas, sem paraquedas, sem confundir o que é com o que não é...

II

Imaginar não é confundir...

É preciso ler o mundo... Ler os gestos, ler as ações e relações que se passam ao redor, conosco, em nós... É preciso estar atento ao mundo, à vida, ao universo, dentrofora, foradentro...

E defrontar-nos com coragem ao que percebemos, nesta compreensão do que se nos depara...

Sem ficar alucinando e confundindo o que não é com o que é...

Imaginar é fazer ser o que queremos que seja... É possível e sensível desfrutar tudo que queremos que seja e é - dentro de nós...

O que imaginamos se semeia em nós... e nasce e floresce e dá frutos... no real...

Todo amor que imaginamos vira amor pele afora... mundo afora...

Mas todo amor que confundimos vira mágoa... E mágoa é melhor desrealizar...

Fundamos imaginação e realidade... E extrapolemos toda possibilidade de ir além...

Pradentro e prafora...

Ao som de Eat Yourself - Goldfrapp

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