segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Uma História Libertinha...


Cansa-me! Perceber, revelar e incomodar-se com tantos malditos condicionamentos e imposições sociais e culturais aos nossos sentimentos, gestos, vontades, caminhos de vida. Cansa-me ver em praticamente todo filme, todo livro e toda música a mesma repetição maciça e massiva de lógicas violentas, sem sentido, infelizes, repressivas de nossas possibilidades, potencialidades, espontaneidades e diversidades. Como seria uma história que narrasse pessoas vivendo livremente, sem o peso de instituições impondo-lhe seu poder, sem o peso do poder mesquinho de pessoas que, vazias de si mesmas, tentam impor-se aos demais, seja diretamente com suas forças físicas, psicológicas ou morais, seja indiretamente, com fofocas, picuinhas e depredações das relações, envenenando-as? Seriam utópicas tais narrativas? Ninguém nesses tantos mundos existentes paralelamente, cruzando-se, fugindo-se, resistindo, reinventando-se neste planeta, vive de outras formas? Eu tento... e creio que tantas outras pessoas também, individualmente e coletivamente, em sociedades diferentes, em organizações sociais diferentes, com sonhos diferentes, imprevistos pelo sistema...

Imaginemos e vivenciemos com nossa profunda imersão imaginativa...

É uma vez...

Um dia sem nome, em um calendário inventado na hora, nessa geografia estranha que tem cheiro de gosto alegre, temperatura de sentimento ameno, direções latitudinais e longitudinais desorientados pelas bússolas convencionais, cuja inspiração cartográfica guia novos mapas a cada dia...

Nesse espaço multicolorido de plantas, madeiras, tetos, uns tantos lagos feitos pelos humanos para enfeitar o lugar, um monte de comida plantada e nativa para colher ou catar, umas tantas paisagens tão naturais quanto é possível a imaginação perceber e reperceber, vivem um punhado de gentes, indivíduos humanos e indivíduos de outras espécies... Cada um ocupando-se de suas variadas invenções, umas de cuidado do que já é, outras de fermentação do que está por vir... Afinal, neste mundo o que se chamava tecnologia se tornou brincadeira... se ainda existem computadores, é porque eles podem ser divertidos... se se produz alguns watts de eletricidade com a generosidade da gravidade e das águas do rio, é porque muita gente é eletrizante, afinal, e não querem nem devem dispensar nada que não seja digno de criação... Há ocupações solitárias e introspectivas como assoviar e tricotar-se, e também feitos comunitários, em que muitos reúnem-se para somar suas tantas e voluntárias forças e saberes para realizações maiores que cada um, como construir um novo teto, fabricar um transporte para intercambiar com lugares mais distantes que os pés podem alcançar, realizar um grande evento de troca com outros grupos de gentes de toda espécie... Afinal, às vezes se quer ver gente de outros tantos lugares, latitudes, longitudes e altitudes físicas, espirituais e culturais diferentes... Nesses grandes eventos, as pessoas de várias espécies trocam-se, compartilhando o que têm dentro e fora, e o que são, dentro e fora... Há muita migração nesse espaço, já que nada além de nossa disposição de partir, preguiça de ir ou vontade de ficar nos impede de mudar... 

Ela (pronome que refere-se à pessoa) gosta de caminhar e observar(-se)... olhar pra dentro e pra fora, ao mesmo tempo, atenta... uma de suas alegrias e, também, tristezas... descobrir-se, encantar-se, mas também deparar-se com suas fragilidades, carências, faltas - não muitas, mas também não raras... Naquele dia sente-se fluída, o que ela define como o estado de quem está sendo com o mínimo de atrito com o mundo em volta, sem preocupar-se, sem ansiedade ou desatenção... E, nesta fluidez, perpassa, inundando cada passo descalço, sentindo a terra, envolvendo-se com tudo que está em volta... Está acontecendo um festival de artes inusitadas, coisa da rede continental de arteiros anômades, evento que atrai muitas pessoas de inusitados lugares e feições àquela terra. E ela sempre frequentava ou participava, fazia umas oficinas, improvisava umas intervenções, quando se sentia sociável, ou simplesmente caminhava por entre as pessoas desconhecidas, em busca de alguém que ela reconhecesse sem nunca ter visto... Tal reconhecimento era-lhe um mistério dos mais inquietantes e instigantes... Afinal, o que é que nos aproxima de quem nada sabemos, a não ser aparências vistas, cheiradas, ouvidas, sentidas, percebidas? O que lhe torna esta voz mais atraente do que aquela? Certo jeito de cabelos em especial? Um olhar em particular? E assim, caminhava, não necessariamente em busca, mas enredando-se pelas pessoas - quem sabe o que se trançaria à sua rede de si... E acontece, vez por outra, às vezes com frequência, às vezes distanciado em anos, este momento tão gracioso e gratuito: a vê e, como por milagre, está com ela ou, no mínimo, coloca-se toda em energia com ela - não pode evitar... 

Mas, tem um porém... Tem uma crença, ou talvez um obstáculo autoproduzido - não sabe nunca como chegar no destino de sua emoção e descobrir, se afinal, acontece igual com a outra, talvez, ou se ela se encantou unicamente só, como que por abundância de encantamento em si. Sendo assim, na maioria das vezes, apenas observa e fica por perto - meio que esperando que alguém ou alguma magia faça algo para, "por acaso" (mas, afinal, ela se posicionou da melhor maneira possível para tal acaso)... 

E, chá-zam! 

Ela outra a olha e a percebe e parece que acontece um encontro de olhos que, como beija-flores, num piscar de olhos se encontram, se beijam e voam pra outros lados... Ela, feliz com aqueles olhos que a viram, sente o momento, degustando, e esvoa-se, sem dar-se conta que ela outra, mais decidida ou talvez mais impulsiva, levantou-se, caminhou-se, sentou-se ao lado e disse, como quem não quer nada (e o que se há para querer?) "oi. e ela, quase assustada ou surpresa ou eufórica responde "oi. e a partir daí, abertas as portas, sente-se liberta para ir "eu tava te olhando, diz, ensaiando um sem jeito, "não deu para evitar... e eu adoro quando caio no inevitável... porque o inevitável é intenso, é profundo, ainda que incompreensível, ao menos por um tempo, disse, serenamente, olhando-a nos olhos, por não saber dizer nada sem olhar nos olhos... Ela outra sorriu, um sorriso tão bonito porque tocou algo nela... 

O que pode comunicar um sorriso? Que forma de identificação pode se dar num sorriso? Que tipo de sorriso desnuda e que tipo de sorriso disfarça?

O sorriso dela, tente pensar naquele sorriso de amor-folha que te nutriu certa vez, tente re-sentir um sorriso de salgado-sol, que te despertou uma manhã dormida debaixo do céu... 

Ela pegou na mão da bonita do sorriso e disse "vem caminhar comigo? "vou...

E se afastaram da multidão em festa em busca de uma festa sem multidão... O lugar era cercado e perpassado de muitos riachinhos, muitos naturais, outros artesanais - produto das mirabolâncias das gentes que gostavam tanto de jardinar e riachoar e elas chegaram então num riachinho que fazia uma curva ao redor de uma árvore, onde colocaram, como que por brincadeira, umas pedras boas de sentar... E ali ficaram... descalças, molharam seus pés, sentindo a água deslizar por entre os dedos... e os dedos deslizarem uns nos outros uma da outra... "Eu gosto quando eu me sinto só, e eu gosto muito quando eu me sinto tão bem com alguém como quando estou só... Como é seu nome? "Semente Cintilante, disse ela outra, mas pode me chamar de Cinti... "Eu me chamo Pequeno Mar, mas, como as palavras tem preguiça, gosto de Má, se quiser... "Má, você é bonita, seu jeito de olhar e seus cabelos de cachos e o que você diz em palavras e gestos... "E você é uma história longa cheia de raízes escuras de profundeza e cheias de cantinhos por descobrir, disse, aproximando-se da outra, fechando os olhos e respirando o perfume dos cabelos dela... Manteve os olhos fechados... E Cinti fechou os dela... e assim ficaram bons tempos, ouvindo o vento bater em seus corações, o sangue de seus corpos descer pelos rios refrescando a terra, e um peixinho pular nas folhas de seus pés ainda encontrados um no outro... Não se sabe bem se foi a árvore atrás delas que deu um empurrãozinho ou se as pedras que se aproximaram, mas suas bocas se tocaram e sentiram o orvalho que brilha na boca uma da outra... primeiro deixaram a textura da pele se entendersentir bem, depois os lábios se moveram, descobrindo-se em uma dança... até as línguas também entrarem na brincadeira, ensaiando duetos, investigando os sabores delicados que só a língua sabe pintar... 

Um sem-fim de tempo depois, se afastam um pouco para se olharem... há uma felicidade florescente piscando ao redor, como íntimos bichinhos voadores... Elas então tiram os panos que enlaçam seus corpos e entram na água que tem uma temperatura próxima à do corpo, só um pouco mais fria... e seus corpos se encontram, muito próximos... Má penetra Cinti, sentindo o ventre dela aquecê-la, ainda que não sentisse frio... E no seu ouvido lhe conta uma história inventada que revela muito de si, suas afinidades pelas músicas ciganas, de acordeão e metais, seus gostos de pintar com tintas aquareladas, conta-lhe do último livro que leu de uma aviadora que não tinha teto senão a asa de seu biplano e que vagava por aí compartilhando o voo com quem quisesse voar... Canta-lhe uma história tão perto que o vapor de sua boca arrepia o pescoço da outra... e então deita no ombro dela e escuta os cabelos roçando no seu rosto... Cinti acaricia-lhe suas costas, escrevendo uns poemas sem palavras que sobem do bumbum até os cabelos... Cinti beija-lhe as bochechas, dá uma pequena mordida, entre um riso engraçado que faz Má rir sem fim e então jogam seus corpos na água flutuando, cabeças muito próximas. E ela conta para Má sua história mais recente, desta vida que ela vive agora - sua chegada nesse encontro de artes inusitadas, na peça circense que apresentara no dia anterior, pois ela é atriz-marabalista-equilibrista-maga-lançadora-de-adagas-de-chocolate... E também faz uma pintura corporal no corpo de outra atriz com o chocolate derretido que ela errou - ou acertou? que se desmancharam no corpo do alvo... Que delícia, Má comenta... faz comigo? Com o maior prazer e tesão do mundo, Cinti respondeu... e a sugestão encheram-nas de tesão e, apoiando-se no cascalho na margem do riacho, Cinti sentou-se sobre o pênis de Má e dançaram para as estrelas e a lua sua ciranda visceral... 

E juntas ficaram toda a noite e amanhecer afora e café-da-manhã de frutas colhidas e chá feito na fogueira das ervas catadas... Mas Cinti precisou ir... foi ensaiar com seu grupo... Não sabia se voltaria a vê-la, se voltariam a sentir o que sentiram, ou melhor, nada voltaria, porque nada volta, a vida não sabe andar pra trás... não sabia nada, afinal... se a veria novamente, se sentiriam tão fortemente seus olhares... Ou se outra pessoa responderia seu olhar e seria bonito de novo... Não sabia de nada, afinal...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Próprias Notas sobre o Estado de Relações Líquidas, Livres e Afins hoje e amanhã


Vive-se, talvez, alguns de nós, em alguns sentidos e proporções, vivências e convivências e relações cada vez mais fluídas, líquidas, imprecisas, inconstantes, às vezes chamadas "livres", "pós-modernas", às vezes acusadas "insensíveis", "precárias", "neoliberais", entre tantos adjetivos e interpretações e tentativas de leituras e posicionamentos diante das situações particulares e diversas vividas por cada sujeito que interpreta e se posiciona diante deste contexto amplo, múltiplo e complexo...

Antes de tudo, lembremos que a vivência de cada um e nossa vivência particular não é totalitalizante, ou seja, não representa o todo, não significa que tudo e todas vivem exatamente o mesmo, nem mesmo algo parecido. Muitos não se identificam com tais perspectivas de relações humanas, nunca tendo vivido algo parecido. É preciso problematizar que a noção de tempo é muito ampla e possui diversas camadas. Coexistem aqui e agora pessoas e lugares e ações e vivências que se "enquadrariam" com o período paleolítico, o período medieval, iluminista, renascentista, escravista, futurista, ou seja, diversos períodos históricos se transformaram ou perduraram de formas diferentes em diversas partes do planeta. Sendo assim, muita gente vive no tempo presente relações conservadoras, sólidas, precisas, constantes, presas, fixas ou seja lá como quisermos chamar ou definir, e, claramente, bastante diversas ou mesmo opostas ao tipo de relação aqui a ser tratada. E nunca viveram coisa diferente e talvez nunca tenham nem mesmo ouvido falar. Talvez visto na televisão, um filme ou lido algo, mas, enfim, as diversas representações sempre se distanciam das experiências concretas de qualquer ser humano, pensosintointerpreto eu. E as relações aqui tratadas provavelmente não são uma novidade deste século, já existindo em outros lugares e culturas há séculos ou milênios, sendo apenas desconhecidas do senso-comum capitalista-ocidental-contemporâneo. Certamente de maneiras diferentes das que vivemos, mas próximas em princípios e essências possíveis.

Sendo assim, começo justamente por aí. Pelo fato de que muito dessas lógicas supostamente novas de viver e se relacionar de fato coadunam/se aproximam de princípios milenares de filosofias orientais pouco conhecidas e difundidas. E neste sentido, eu, particularmente, sinto bastante satisfação em, de alguma forma, entender que a sociedade contemporânea vem, ainda que de forma alienada e massificada (em tantos e midiáticos casos), incorporando ou se transformando nessas direções. Falo do zen-budismo e do taoísmo. A primeira filosofia/espiritualidade remonta ao século VI a VII após Cristo. Já o texto mais antigo relacionado ao taoísmo situa-se por volta de 1300 antes de Cristo. (Sobre a imposição ocidental de medirmos o tempo e o passado a partir da referência cristã, deixo aqui meu protesto e desgosto). Super pós-moderno, não?

Tais filosofias/cosmologias, com as quais muito dialogo e me inspiro, entendiam e entendem que a vida é mudança, é transformação, é impermanência. Que nada dura, tudo é, de alguma forma, uma ilusão, no sentido que aquilo que estamos vendo agora no instante seguinte já é outra coisa, já mudou, e nos apegarmos a qualquer coisa/ser/situação é também uma ilusão que, consequentemente, resulta em frustração e sofrimento. E isso me lembra tanto a monogamia e as relações sociais tradicionais, fixas, rígidas, que não aceitavam (e ainda não aceitam onde elas existem) as mudanças, que se consideravam imutáveis, eternas, mas que, mais dia menos dia se desmanchavam/desmancham, fosse pela separação ou mesmo pela morte, gerando imenso sofrimento e frustração...

Mas há quem diga que apego e sofrimento são indissociáveis, que quem "ama" sente "falta", quer ter "sempre" quem se ama por perto, que se não sofre, é sinal de que não amava, que precisamos de quem amamos e de quem nos ame... etc. etc. Há quem discorde, há milênios. E afirmo que tais argumentos nada mais refletem a ideologia que ao longos dos séculos buscou associar nossos afetos e movimentos com prisões e dores, de modo a, talvez, entre tantas coisas, nos fazer aceitar melhor todo o sistema social em volta baseado nesta mesma lógica, o controle, a dominação, a conservação do estado social tal como ele é.

O amor como uma falta me parece uma excelente estratégia de enfraquecimento do indivíduo, suprindo-o de suas forças, de sua autonomia, de sua independência, de modo a torná-lo mais obediente, maleável, controlável e explorável para os fins desejados pelos interesses dominantes da sociedade que adota tal lógica, seja ela qual for.

O amor como algo que se precisa, é urgente e, ainda mais, está ausente a menos que o consigamos de alguma forma externa a nós mesmos > que excelente forma de produzir artificialmente dependências, carências e "sofrências", de induzir as pessoas a se sujeitarem a diversas violências e limitações/imposições, porque, "pelo menos", a "relação" "supre" essas demandas (do mercado?).

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domingo, 4 de janeiro de 2015

Flore´ser

O selvagem, 
a resistência, 
o ímpeto vital, 
o movimento inevitável, 
a transformação imperiosa, 
a vontade inquebrável 
- do vento, da onda, da montanha milenar, da vida em todo ser...

Reduzo-me...
De ilusionado
Para desabrigado
Logo abandonado
Então renovado
Assumido
Fortalecido
Num deserto salgado
adaptado
feito beduíno
agora flor de cáctus
que faz da sede 
a força do hábito.

Interlúdico - Aikyo

Desilusão...


Eu não sei de que matéria são feitas as ilusões
Eu não sei de que origem, de que fundo, de que mundo elas vêm
Mas seja lá de qual for,
Sinto que a cada dia mais
Se desfaz em mim essa matéria, origem, fundo, possibilidade...

A Desilusão como o estado daquele que não consegue se iludir, 
que não tem os recursos necessários para tanto,
que quase está impedido de tal, pela simples falta...

A cada vivêncilusão, uma emergência ao esclarecimento,
ou melhor
ao escurecimento de cegar-se para as falsas luzes
às falsas imagens, às falsas ideias e vontades e possibilidades e situações

Talvez seja a esperança um dos combustíveis da ilusão
E seja a cada vez mais irreversível desesperança o que me acomete
E venha me fundando cada vez mais em um estado de desilusão perene
Desesperança perene
E mortificação de tudo que não é - perene...

A assunção perene... do ser, da condição inevitável e irremediável da individualidade, da solidão inelutável de ser um ser com consciência de si mesmo, talvez a última e única ilusão sem a qual se possa viver enquanto ser humano...


E a crescente e infinita e perene assunção de que não somos um ser separado, somos tudo, todas, o tempo inteiro... 

Assumir, ao mesmo tempo, uma constante e infinita descoberta e potencialização do eu, de si, do indivíduo em que habitamos, e uma constante vivência do todo, de tudo, da vida, do movimento, do caminho...

E toda energia vital e movimento individual que existe em mim, libertando-se perenemente de toda ilusão, se realize sempre o ser mais, o movimento incessante, o oceano infinito... 

Universal Traveller - Air

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Rotina

Limpar(-se)
Cuidar(-se)
Tirar a poeira
Que se acumula sobre as lembranças
E as prateleiras
Varrer o chão e os cantos
difíceis de alcançar 
em si
Perfumar o espaço e o corpoespírito
Com cheiros e sonhos
Organizar os excessos de papéis e angústias
Desfazendo-se do máximo possível
Dedicar um gesto ao altar sobre o armarinho
Sacroprofano que somos e que nos cerca
Decorar as paredes com poesias e vozes
Para ter possibilidade de deitar-se em repouso
do mundo...

Alameda - Elliot Smith

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

"O Sonho da Terra Vive em Meu Coração" (língua mapuche)


Quanto mais eu planto
Mais o ato de plantar
ganha dimensão poética
enquanto o ato de colher
se perde na imensidão errática


Esperar colher
É d´uma imprecisão galática
Em nossa miudez humana
Que se sente única


Desfrutar-se jardim
enquanto gesto lúdico
Espantar-se frutos e flores
enquanto realizações mágicas
Mais nos faz partícipes
Do universo orgástico...


De Ushuaia a la Quiaca - Gustavo Santaolalla