quarta-feira, 29 de junho de 2016
Pequenos Grandes Prazeres da Vida [4] e outras listas [2]
Acordar cedo, disposta, animada, ou não, derramar-me manhãtoda num orgasmo de corpo inteiro com minha edredon, minha travessa-eira e lenços afins
Dançar horas e horas pra começar o dia
Fazer/comer mil e uma comidas-orgasmos incríveis
Ser minha própria padeira, experimentando todas as receitas e ingredientes possíveis
Compartilhar a casa, o coração e a vida com pessoas incríveis lindas e maravilhosas!
Meditandar, medidançar e meditransar bastante, na medida dos fluxos da vida
Cuidar do jardim, da horta, das plantas, observar abelhas e borboletas, sentir a vida verde nos pés, nos dedos e dentro
Escrever, criar, inventar, gambiarar, gatunar, caninar
Viver tanto com tão pouco, tão rico de tudo que importa, tão pobre do que vamos superar
Amar, amar, o que pode criaturas senão entre criaturas amar?
Articular, enredar, entrecruzar, perpassar, conectar gentes, ideias, projetos e sonhos lindos, utópicos e transformadores!
EnSaiar, unhapintar, rebolar, olhosempretar, endeusar, transcender essas limitações tolas e opressoras de gênero
Dar e sentir prazer, buscar ápices e âmagos, descobrir os gestos e jeitos secretos, teus preferidos, teus escondidos, teus mais queridos
Dançar nuas, contigo, comigo, danças sagradas, músicas sagradas, no escuro, no vermelho, no brilhante, no teu peito, nos teus cabelos, em ti
Morder peles, coxas, pernas, panturrilhas, costelas, seios, mamilos, braços, bocas, lábios, orelhas, pescoços, nucas, endoidecer, enlouquecer, selvageriar
Dialogar, compartilhar, deixar ir tudo que há em mim, semear um pouco de cada vida que me brota em tantas pessoas amoras queridas
Jabuceticaba
Chocolate meio amargo
Suco de tudo nu mundo
Você
e Ela
e Tudo
Hoje escrevi quase uma autobiografia musical... Seguem algumas outras tantas músicas que marcaram essa morte-vida-concertina
1 – Wild and distant shore – Michael Nyman
2 – Sally´s Song - Danny Elfman
3 – One More Time – Daft Punk
4 – A minor incidente – Badly Drawn Boy
5 – Trying your luck – Strokes
6 – Run – Air
7 – Green Grass – Cibelle
8 – Pedrinha – Cordel do Fogo Encantando
9 – First Love – Adele
10 – Know How – Kings of Convenience
11 – Sinta Vontade de Ficar – Canto dos Malditos na Terra do Nunca
12 – Good Friday – Cocorosie
13 - Post cards from italy – Beirut
14 – Unravel - Björk
15 – Beautiful – Smashing Punpkins
16 – Gila – Beach House
17 – Vagalumes Cegos – Cícero
18 – Morrerão - Vanguart
19 – I´m a Lady – BB Brunes
20 – Song on the Beach – Arcade Fire
21 – Manhã – Nana
22 - Lo que tengo que decir – Bomba Estereo
23 - Christian Brothers - Elliott Smith
24 – Camomila - Cícero
25 - Honey Or Tar – Cocorosie
26 - Rosa – Banda Uó
27 - Amanecer – Bomba Estereo
Ao som de Amassar a Lataria - de Sonora Samba Groove - dela
segunda-feira, 27 de junho de 2016
P´ardências
Toda Vida que te Olho
Perco o ar, a calma
Perco a paz e a noite
E a frieza no olhar
que às vezes me acompanha
Toda Vida que te Ouço
Perco a noção do tempo,
A concentração, a quietude
das mãos, o ritmo sereno
da pulsação
Toda Vida que te Cheiro
Perco as forças, o controle
as estribeiras, a civilização
Perco até essa aparência
eventualmente humana que invento
Toda Vida que te Provo
Perco as roupas, o chão,
A suavidade dos sentidos, a hesitação,
Perco a vontade de viver
E de te ver partir
Perco, logo, por antecipação,
Para que perdida, toda ilusão,
Não me falte Nada,
E sobre Tesão.
How does it feel now? Akua Naru - em baixo
domingo, 26 de junho de 2016
Amanhecer
"Deixa eu te lamber um chá
Deixa eu te gozar um café
Deixa eu te excitar um guaraná
Um suco de vulva
Vamo sair pra transar no mar
Pra suar feito chuva"
Primeiro o céu extremamente negro. Primeiro teus cabelos sobre meus desejos. No teu colo repousa minha alegria, voando em lenços azuis sobre areias brancas de mar. As ondas lambem as pontas dos pés, frias, mas ardidas. Meus dedos se enterram nas tuas pernas, fazendo castelos de unhas. A suavidade da noite sopra meus pulmões, respirando o frescor do teu cheiro. Cheiro de treva, cheiro de seiva, cheiro danado de bom. Imerso no sentido, no toque de encontro, levanto-me, sentando a tua frente. Teus dedos pequenos brincam os meus. A maresia canta ritmos bons, em transe, me pulsa até ti, sem resistir, sem conter, seu rosto entre minhas mãos, minha boca na tua pele, perto, chegando, maçãs, canto, boca, deusa. O céu antes tão negro, azula uns tons rasgos de tesão. Degradê de cores, degradê de roupas e peles, na brincadeira inimaginável, impossível, dos dentes nos seios, dos olhares caninos, dos desejos latentes. Agarro tato, aperto roxo, coxas doidas, pés molhados, roças teu fogo no meu fogo, evaporas o pouco que ainda nos cobria, selvageria estala tapas incontidas, na cara, nas pernas, nas taras. Derramo-te no azul macio dos tecidos para mergulhar sem fôlego nos teus macios e aquecidos sabores. Te delicio enquanto contemplo o sol nascendo no teu rosto, cabelos. Teus olhos cerrados, teu gemido brilhante, convidam o nascente para espiar, suspirar, ferver. Auréolas douradas envolvem teus seios, eu só quero te chupar espasmos trêmulos. Tremem tuas pernas junto ao meu rosto, excitando mais, alucinando ais. Até que teus rios me inundam e tu me puxas, apertando-me o pau em transe para dentro de ti, suores, ardores, odores ácidos e orgásticos exalando dos pelos, enlevos, perdidas tamanhas exasperações, ar quente flutua, aves sobrevoam, curiosas nuvens sobre fogueiras humanas. Repentinamente gritamos risos, gargalhadas extáticas de contentamento sem fim, abraçados inteiros, exaustas, arteiras, brincalhões orgasmos, bichos se querendo...
Amanhecer - Bomba Estereo - meditantransa
terça-feira, 14 de junho de 2016
Ó-rível
Se porque amo, tanto e tão perdidamente, tola e
excessivamente, demasiada e abertamente, mordida e enamoradamente, doída e
dura-douramente, excitada e tesuda-mente, lasciva e lentamente, ávida e
carnivoramente,
Se porque busco e afirmo e assumo e vivo expansiva e totalmente para minha própria autonomia e para toda autonomia, transbordando-se umas nas outras, mas totalmente suas, inteiramente nossas, exclusivamente próprias, integralmente únicas, especialmente lúdicas, significativamente úmidas,
Se porque não reprimo nem represo, não contenho nem impeço, nem sou comedida nem tímida, não limito nem defino, não afirmo nem acredito, não aceito qualquer jaula-regra, cárcere-norma, cela-tradição, claustro-moral,
Se porque sou imperfeita e impossível, impermanente e transitória, vazia e crescente, errônea e errática, herética e erótica, profana e pervertida, iconoclasta e incendiária, rebelde e anárquica, doida e varrida, danada e doída, safada e vadia, fácil e fatídica,
Se porque busco cuidar - ao invés de carregar - de tudo e de todas, sem propriedade ou cerca, extrapolo a cada dia minhas bordas e minhas linhas, tensionando as fronteiras, empurrando mais para lá o amplo horizonte das belezas e das deusas, expandindo meus sentidos e meus sentires, meus desejos e meus beijos, meus quereres e queridas, minhas amoras e jabuceticabas,
Se porque rio, mar-co, cachos-eiras, corro-gos, se porque brinco, gargalho, me divirto, me realizo, me jogo na vida com suas-minhas feridas, me lanço em tudo que há – ainda que doa, e sempre doerá – de prazer, de sentir, de querer, de amar,
Se por tudo e por nada, se por vazio e por repleto, se por muito e por pouco, se por tanto e por quase...
Se por tudo isso, há quem me ache horrível...
Sim, sou, ó-rível, risível, rindo mais, sor-rindo por/de mim e por/de tudo
Por toda dor que amadureceu, por todo amor que se decompôs,
Se porque busco e afirmo e assumo e vivo expansiva e totalmente para minha própria autonomia e para toda autonomia, transbordando-se umas nas outras, mas totalmente suas, inteiramente nossas, exclusivamente próprias, integralmente únicas, especialmente lúdicas, significativamente úmidas,
Se porque não reprimo nem represo, não contenho nem impeço, nem sou comedida nem tímida, não limito nem defino, não afirmo nem acredito, não aceito qualquer jaula-regra, cárcere-norma, cela-tradição, claustro-moral,
Se porque sou imperfeita e impossível, impermanente e transitória, vazia e crescente, errônea e errática, herética e erótica, profana e pervertida, iconoclasta e incendiária, rebelde e anárquica, doida e varrida, danada e doída, safada e vadia, fácil e fatídica,
Se porque busco cuidar - ao invés de carregar - de tudo e de todas, sem propriedade ou cerca, extrapolo a cada dia minhas bordas e minhas linhas, tensionando as fronteiras, empurrando mais para lá o amplo horizonte das belezas e das deusas, expandindo meus sentidos e meus sentires, meus desejos e meus beijos, meus quereres e queridas, minhas amoras e jabuceticabas,
Se porque rio, mar-co, cachos-eiras, corro-gos, se porque brinco, gargalho, me divirto, me realizo, me jogo na vida com suas-minhas feridas, me lanço em tudo que há – ainda que doa, e sempre doerá – de prazer, de sentir, de querer, de amar,
Se por tudo e por nada, se por vazio e por repleto, se por muito e por pouco, se por tanto e por quase...
Se por tudo isso, há quem me ache horrível...
Sim, sou, ó-rível, risível, rindo mais, sor-rindo por/de mim e por/de tudo
Por toda dor que amadureceu, por todo amor que se decompôs,
Por toda perda que abriu novas asas, por toda queda
que impulsionou
Por todo ódio que curou, por toda lágrima que nutriu
Por toda tristeza que fortaleceu, por toda treva que
iluminou...
Se eu tivesse fé (Fuckin Shit) - Mundo Livre SA
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