Os ouvidos vibram incessantes, micr'ossinhos de sensibilidade sutil levados aos extremos do desgate ininterrupto pela impossibilidade contemporânea de sua paz. A calma, o descanso, a tranquilidade destes esforçados membros de nossa constituição sensível é algo tão raro, talvez só possível durante o sono, e olhe lá! Depende de onde você mora, se não tem nenhuma avenida movimentada e insone por perto, nenhuma alcatéia de cães a falar sobre a última novela animal, nenhum alarme de carro zunindo noite adentro, como cigarra/o eletrônica/o expelindo sua fumaça sonora. Ah! A música do silêncio, qual é? Onde está? A sonoridade inaudível do existir, a forma risonha da voz calada, a trama insinuante da vida muda, sem trilha, fora da trilha sonora...?..
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Eu disse
Eu disse
- Estou afim de ouvir nada.
E o Coro disse
- Eu também / Eu também / Eu também.
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Putz, ouvimos música até cansar, todos os instantes de cozinha, de mesa, de cama, de riso, permeados pela música. E a manhã vitoriosa do terceiro dia foi, enfim, acompanhada pela beleza acústica do nada... do silêncio... dos mínimos sons naturais do coração, do vento, do chuvisco, do viver...
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Putz, ouvimos música até cansar, todos os instantes de cozinha, de mesa, de cama, de riso, permeados pela música. E a manhã vitoriosa do terceiro dia foi, enfim, acompanhada pela beleza acústica do nada... do silêncio... dos mínimos sons naturais do coração, do vento, do chuvisco, do viver...
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E Ele disse: Faça-se o Silêncio.

Um comentário:
eu também!
e ainda não parei pra ouvir novamente!
kkkk
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