segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Esqueletos...


Um assassino cruel. Sem piedade, sem parcimônia. Não poupa nenhuma vítima, quer todas cinzas, todas passadas...

Matou os primeiros 24 demoradamente, com prazer, pois tudo era novo, eram só possibilidades, descobertas! 1440 dilacerou com gana, gula, emoção, rapidamente, com uma metralhadora! 86.400 já deu mais trabalho... Mas ainda jovem, perseguia-os, não escapava um. Depois de matar 2.592.000 vinte e uma vezes, pelo Diabo, está exausto. Quer férias! Gastou tudo que tinha, cada munição, cada dente, cada fôlego. Mas não! Não pode! Algo não o deixa, que será? Que merda! É preciso parar! Milhões, milhões! É uma calamidade! Não a morte, mas o cansaço! O tédio, a arrastar, a demora... Mas não, é preciso mais! 31 milhões e 104 mil vítimas indiferentes... em um período que parece longo, mas que a cada geração torna-se menor... É uma chacina enorme, é verdade, quanto trabalho! Sinte-se explorado por esses malditos que têm que matar...

E até hoje, desesperadamente sem aguentar mais tarefa tão insípida, tão sem graça, tão desagradavelmente insossa, pois os sentidos já não reagem a essa desmedida, é forçado a admitir que matou, sem paz, sem trégua, 653 milhões e 184 mil...

segundos...

canalhas...

desnudos...

e contando...

Milhões de segundos, minutos e horas... anos e décadas... mortos, no inferno! E intermináveis! Tempocidas, todos nós, pois tudo que fazemos é matar O TEMPO.

3 comentários:

Samis disse...

e quando é ele que nos mata?

gostei do texto, bem paralelo e real.

=

Samis disse...

fazer loucura?
que tipo de loucuras, Rodrigo?

RichellRotemberg disse...

Esqueletos ou caveiras. Não fazem mal algum. São só o que somos por dentro. Mostrando que apesar de todas as diferenças somos tão iguais tanto na atitudes quanto na aparência interior.