quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pra quê?

É incrível como é fácil empurrar a vida pra frente... viver sem pensar nela, sem querê-la, sem fazê-la... simplesmente deixá-la flutuando no tempo, até que murche e morra. Talvez esse seja o derradeiro suicídio, o mais profundo crime contra a humanidade... e quando digo isso, não me refiro ao aglomerado de carcaças humanas que lotam o mundo, mas a essência do que deveria ser esta criatura um tanto afoita e potente, diferente dos outros bichos...

Podemos fazer tanto, mas fazemos tão pouco. É incrível como ficamos prostrados diante de uma existência interamente indiferente, tanto faz como tanto fez, que não faz falta, que se sumisse, era até melhor. Como vivemos a vida inteira seguindo um impulso vil de sobrevivência... a pura sobrevivência é um crime, diante do potencial que é viver.

Lembro daqueles dois meninos molhados, sentados na amurada de pedra diante da maré cheia e volumosa, indo e vindo, chocando-se contra o paredão, explodindo em mil gotas e espumas, cuspindo sal deliciosamente refrescante naqueles dois moleques livres e soltos... Vai e vem - plash!! E sorrisos e olhos fechados e medo e alegria. E vai e vem - plash!!! Sensações fervilhando nas pontas dos nervos, na ponta do espírito... desgarrados do mundo, sem que alguém puxe-os para "um lugar seguro"... valendo a pena o segundo vivido e o ar respirado...

Penso que deveriam haver apenas duas opções: ou viver plenamente, tão furiosamente quanto o sol, explodindo seu potencial em ininterrupta luminosidade criativa e criadora ou... igualmente explodir em revolta, contra qualquer tentativa de impedir ou enclausurar o corpo e o espírito humanos, fogos incontroláveis...

Quando nos tornamos animais domésticos? Digo, animais de fazenda... que vivem para o trabalho simplesmente pelo prato que come, por um feno mais saboroso, por um estábulo mais confortável, por um sonho de ser o cavalo vencedor da corrida? Os animais domésticos são as celebridades, criaturas meramente decorativas, que existem para a distração e dispersão dos demais... e que vivem às custas dos demais... soberanos e escravos mutuamente...

Uma música - Tempo Perdido - Legião Urbana

Outra música - I can't spleep in silence - Skins

Nenhum comentário: