sábado, 14 de fevereiro de 2009

Em toda parte palpita...

"Nos demais - eu sei, qualquer um o sabe - o coração
tem domicílio no peito.
Comigo a anatomia ficou louca. Sou todo coração -
em todas as partes palpita."

Maiakóvski

Comigo.

"
- Onde ela está?...................- Por que estás aqui?
- Com as amigas dela.............- Foi meu destino
- Não são suas amigas?...........- O que te trouxe?
- Não, não são.....................- Minha espera

- E tu quem és?....................- Ela volta?
- Eu sou.............................- Costume
- E o que fazes?....................- Por que ela foi?
- Eu sinto...........................- Porque quis
"

.

Amo-te tanto, tanto.
Amo-te tanto, toda e sempre.
Incomensuravelmente. Infinitamente!

"Assim como viver sem ter amor não é viver..."

É, aquela música ainda é o meu remédio...

a colina esconde o sol...



Não,
Eu provavelmente não vou...
Por quê? Porque não fui convidado...
E hoje eu sei muito bem disso,
E sinto como uma agulha que me costura as forças
Que te querem...

E cada vez sou empurrado
Para longe do teu círculo, para distante da tua vida
Onde não caibo nas tuas amizades
Onde sou um instante d´um universo apartado...

E o ar esvai-se para amar-te...
Porque a atmosfera se fragmenta
Em poeiras de saudade

Que estou começando a suportar...

.........................................o
.........................................tempo
.........................................em
.........................................que
.........................................não
.........................................estás comigo.


Que posso fazer? Sou forçado.
Ou assim ou nada.
Ou sub´vivo ou sobrevivo...
Sempre que meus planos se descolorem
pela tua ausência

Eu
Volto para o canto
De onde vim.
E fico lá... sem saber se te espero
Ou passo a viver sem ti.

E mesmo sabendo que tu voltas sempre
E que sempre as águas se clareiam
Coexiste em mim a certeza de que é tudo só uma parte,
Que minha vida é só uma parte
Da tua.
Quando partes.


Não,


não vou mais fazer nada além de sentir
Pois sentir não se pode parar.

Os teus passos são só teus
E não vou mais agarrar-me aos teus pés
Como lutando para colocar-te no meu caminho.

Tuas escolhas são unicamente
De tua alma que tu desejas...
E eu, às vezes, não passo de um expectador
Das direções que tomas...

Minhas palavras já não dizem nada...
Apenas te amam em cada minúcia de teu rosto,
De teu jeito, de tua essência,
Que me preenchem quando não estou só.

Assim sou a todo tempo...

E não tenho mais coragem de olhar pro amanhã...
Já não sei se posso contar com o que pensava
Se o que sonhei pode ser realizado...
Ou algo será de outra maneira.

Não, não estou convidado
A ter essa esperança.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eu e você

Um

Portas abertas para a brisa entrar,
Deixar que novos ares levem a poeira.
Os obstáculos são reluzentes maçanetas
Que, vencidos, desabrocharão estrelas.

Palavras abertas para o coração falar,
Canções de alegria, melancólicas sinfonias.
Um coração junto ao outro não precisa guardar
Nenhum segredo de dor, tudo encontra o amor.

Nossos passos coincidem n´um abraço,
Ainda que não tenhamos um só passado,
Meu futuro é o mesmo do seu,

Unidos como o mar junto ao céu,
N´uma paixão de infinito
Um só azul no horizonte do destino.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Chuvisco...


É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz

Mas acontece que eu sou triste...

/

E todo grande amor só é bem grande se for triste...

Vinícius de Moraes

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Laço

Nossos eternos laços...
Abraços que superam os milhões de espaços
Que insistem em nos separar...

Sua lembrança eterna
Tão terna
Que eu sempre vou amar.

Cuja música parou...


"Minha alma é um carrossel vazio no crepúsculo"

Pablo Neruda

O brilho da noite não me alcança...


(...)
Eu sou o que te espera na estrelada noite.
O que debaixo do sangrento sol poente, te espera.

Olho os frutos cairem na terra sombria.
Vejo as gotas do orvalho dançando na erva.

Na noite o espesso perfume das rosas
quando dança a ronda das sombras imensas.

Sob o céu do Sul, o que te espra quando
o ar da tarde como uma boca beija.
(...)
Eu sou o que guarda nos lábios o sabor das uvas.
Racimos esfregados. Mordidas vermelhas.

O que te chama desde as alturas brotadas.
Eu sou o que te deseja na hora do amor.

O ar da tarde vibra os ramos mais altos.
Ébrio, meu coração, debaixo de Deus, cambaleia.

O rio desatado rompe às vezes à chorar
sua voz se adelgaça e se faz pura e trêmula.

Retumba, entardecida, a queixa azul da água.
(...)
Eu sou o que te espera na estrelada noite,
sobre as praias áureas, sobre as douradas eras.
(...)

Pablo Neruda - adaptado.

O Sol se foi e a noite está embaçada...

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada
e tiritam, azuis, os atros à distância".

O vento desta noite gira no céu e canta.
(...)
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E cai o verso na alma como orvalho no capim.

Que importa se não pôde meu amor guardá-la?
A noite está estrelada e ela não está comigo.
(...)
Para tê-la mais perto meu olhar a procura.
Meu coração a procura, ela não está comigo.

A mesma noite faz brancas as mesmas árvores.
Já não somos os mesmos que antes tínhamos sido.
(...)
Porque em noites como esta a apertei nos meus braços
Minha alma se exaspera (por não tê-la comigo).

Pablo Neruda - adaptado.

Deitado no chão...

Ca...co...s

Não digas que me ama
Quando meu coração está quebrado,
Pois teu olhar no meu vazio
É um pisar nos meus cacos...

O fim da longa tarde
Será d´um vermelho que arde
Do meu coração transpassado
Por não estares ao meu lado...

As sombras das árvores caídas
São mais altas que minha vida...
Nos instantes de despedida
Abrem-se minhas feridas...

Não me conformo
Em ver a ausência me abraçar,
A solidão me internar,
No silêncio que me torno.

Que passados me afastam,
Partindo-me no peito,
Impondo-me uma parede
Que me impede de vê-la?

Serei aquele mesmo
Do tempo em que eu estava
Fora do teu mundo,
Vagando no esmo?

Não me deixas esquecer
Que um dia houve
Em que eu te esperava
E não querias me ver.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Gaivotas...


Lembranças de futuros de esperança,
Desejo de passados de carinho,
Desfrute de um presente imenso, aberto para cada intenso momento,
Explosões de emoções cada segundo que passa...
Não voltarão as tristezas, mas surgirão sempre novos infinitos de amor e sonho...
O mar surgindo do coração, criando tudo ao redor, como uma fantasia de nossa coragem que quer voar para mil céus de pessoas queridas.

"A felicidade só é verdadeira se compartilhada"...

Todo seu...


"Assim como não há sabor se não houver sal, assim como o ar me é vital,
Onde quer que eu vá, o que quer que eu faça, sem você não tem graça"

(adaptado)

"Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejas"

(Pablo Neruda)


A vida inteira é do tamanho de um beijo,
O beijo inteiro cabe no silêncio que nos aproxima,
A profundidade de nosso amor alcança o horizonte,
Nossos caminhos se cruzam no infinito.

As estrelas refletem o brilho do teu olhar,
A Terra emerge das cinzas no teu acordar,
Todos os dias, meu ar encontra o teu,
Para sempre e sempre, serei todo seu.

Eu não existo sem você...


Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você.

Vinícius de Moraes

Metade


Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.
-
Oswaldo Montenegro

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Carta do mar noturno


O Tempo e a Saudade, o Amor e o Passado


É difícil encontrar
o equilíbrio entre o eu,
o outro, o nós e os outros.

Qual medida, que razão dar
Quando a Saudade fala alto
E o passado lateja a cicatriz?

Liberdades e escolhas se confrontam...
O tempo preso e o livre tempo se questionam...
Por que se tomaram tais direções?
Que dores se causam pelo que se faz e se deixa de fazer?

Dependência e amor se confundem,
Fragilidades e diferenças se expõem,
Os momentos se desencontram,
Os ideais se enfraquecem ante a ausência...

Alguma diferença faz o sentimento,
Ou o medo impedirá qualquer mudança?
Falando ou calando, o resultado é o mesmo...
Qual será o fim dessa distância?

Palavras não existem para iluminar
Certos cantos demasiado escuros...
A trama de nossas vidas se expande.
Haverá um momento em que ela se rompe?

Uma voz diminuta dá a notícia
Já de longe, e para longe vai...
Esperar no tempo, imenso tempo
Resta ou o que mais, não sei...

Só sei que, por mais que eu queira
Há coisas que talvez não cicatrizem...
Que podemos fazer além de um abraço
Na última hora da existência?

Sei que até sempre o Amor é puro
Mas que as águas sujas perturbam o calor,
Trazem um certo frio antigo
Empalidecem os extremos da noite
E chovem colina abaixo, como riachos
Esquecidos pelo tempo...

Gostaria, às vezes
Que minha alma fosse simplesmente invulnerável
Mas temo por minha humanidade,
Que aí estaria sepultada.

A dor se fará, então, mensageira da lembrança
Cortante que rompe o silêncio
Das melancolias que dormem no peito,
E nada poderá evitar algumas tempestades
Que ocasionalmente arrebentarem aqui dentro.

O fim só pode contar quem suportar
E desfrutar e sentir e amar...
A Saudade talvez esteja sempre com o par
E serei eu o último a caminhar...

Lá na frente o mar vai me salvar
Ou o Sol há de festejar
O destino, qualquer que seja
Espero que ela esteja lá.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O desafio é descobrir as razões daquilo que nos causa dor...


Por que Saudade?


Minha alma, esticada feito mola,
Ao limite da emoção é levada.
Uma espera insuportável me desola
No aguardo sem fim da pessoa amada.

Paredes sem janelas, caminhos inconstantes.
As cores já não têm o mesmo brilho.
Mas, será a saudade um irracional martírio,
Ou algo há para aprender com o amor distante?

Dúvida não resta de que real motivo
Podemos encontrar em tudo isso.
A saudade, essa peregrinação do espírito,
Ao seu término faz tudo mais bonito.

Remexe e aperta toda nossa vida
Quando, o que há de mais importante, nos tira.
Dá-nos tempo para re-arranjar os vários cantos
De nossas paredes acomodadas pelo encanto.

Quando finalmente cessa a noite longa,
Quando o abraço do reencontro se prolonga,
Vemos tantas cores novas na paisagem conhecida
Descobrimos incontáveis fontes de luz na beleza infinita
Da menina amada cuja distância nos matava,
O amor transcende, grita de alegria, ganha vida renovada
Tudo graças a alguns (intermináveis) dias de saudade.