quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Carta do mar noturno


O Tempo e a Saudade, o Amor e o Passado


É difícil encontrar
o equilíbrio entre o eu,
o outro, o nós e os outros.

Qual medida, que razão dar
Quando a Saudade fala alto
E o passado lateja a cicatriz?

Liberdades e escolhas se confrontam...
O tempo preso e o livre tempo se questionam...
Por que se tomaram tais direções?
Que dores se causam pelo que se faz e se deixa de fazer?

Dependência e amor se confundem,
Fragilidades e diferenças se expõem,
Os momentos se desencontram,
Os ideais se enfraquecem ante a ausência...

Alguma diferença faz o sentimento,
Ou o medo impedirá qualquer mudança?
Falando ou calando, o resultado é o mesmo...
Qual será o fim dessa distância?

Palavras não existem para iluminar
Certos cantos demasiado escuros...
A trama de nossas vidas se expande.
Haverá um momento em que ela se rompe?

Uma voz diminuta dá a notícia
Já de longe, e para longe vai...
Esperar no tempo, imenso tempo
Resta ou o que mais, não sei...

Só sei que, por mais que eu queira
Há coisas que talvez não cicatrizem...
Que podemos fazer além de um abraço
Na última hora da existência?

Sei que até sempre o Amor é puro
Mas que as águas sujas perturbam o calor,
Trazem um certo frio antigo
Empalidecem os extremos da noite
E chovem colina abaixo, como riachos
Esquecidos pelo tempo...

Gostaria, às vezes
Que minha alma fosse simplesmente invulnerável
Mas temo por minha humanidade,
Que aí estaria sepultada.

A dor se fará, então, mensageira da lembrança
Cortante que rompe o silêncio
Das melancolias que dormem no peito,
E nada poderá evitar algumas tempestades
Que ocasionalmente arrebentarem aqui dentro.

O fim só pode contar quem suportar
E desfrutar e sentir e amar...
A Saudade talvez esteja sempre com o par
E serei eu o último a caminhar...

Lá na frente o mar vai me salvar
Ou o Sol há de festejar
O destino, qualquer que seja
Espero que ela esteja lá.

2 comentários:

Anônimo disse...
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