E além do nascer e do pôr-do-sol, fadas e anjos trançam a noite com o dia, tornoando-os ininterruptos, proibindo que o sangue das veias de toda a vida páre, deixe de vibrar, latejar, expandir e sangrar... seres hiperestésicos e eternos, que brilham como as combustões solares. Tranças vermelhas e azuis da cor da chama que envolvem os corpos surreais desses artesãos de luz e vida... e que revelam-se ao mundo através do brilho tênue da flor de maçã, cujas pétalas são tão brancas que iluminam a inquietude e a escuridão...
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Na Natureza Selvagem
E além do nascer e do pôr-do-sol, fadas e anjos trançam a noite com o dia, tornoando-os ininterruptos, proibindo que o sangue das veias de toda a vida páre, deixe de vibrar, latejar, expandir e sangrar... seres hiperestésicos e eternos, que brilham como as combustões solares. Tranças vermelhas e azuis da cor da chama que envolvem os corpos surreais desses artesãos de luz e vida... e que revelam-se ao mundo através do brilho tênue da flor de maçã, cujas pétalas são tão brancas que iluminam a inquietude e a escuridão...
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Dois
Como dois estranhos,
cada um na sua estrada,
nos deparamos, numa esquina, num lugar comum.
E aí?
Quais são seus planos?
Eu até que tenho vários.
Se me acompanhar, no caminho eu possso te contar.
E mesmo assim, eu queria te perguntar,
se você tem ai contigo alguma coisa pra me dar,
se tem espaço de sobra no seu coração.
Quer levar minha bagagem ou não?
E pelo visto, vou te inserir na minha paisagem
e você vai me ensinar as suas verdades
e se pensar, a gente já queria tudo isso desde o inicio.
De dia, vou me mostrar de longe.
De noite, você verá de perto.
O certo e o incerto, a gente vai saber.
E mesmo assim,
Queria te contar que eu tenho aqui comigo
alguma coisa pra te dar.
Tem espaço de sobra no meu coração.
Eu vou levar sua bagagem e o que mais estiver à mão.
(Tiê)
A última concentração da noite posta nos ouvidos afim de marcar a memória de pedra-sabão com as notas musicais de amor que tanto o fazia lembrá-la. Um dia de crise - existencial. Uma pequena depressão em dose única, ou talvez dupla. No dia seguinte ainda resta um pouco do macarrão requintado - chique! Mas essa é uma lembrança boa que não chegou no outro dia. A primeira lua da semana meio nublada foi tediosa e burocrática, um passeio chuvoso por entre um céu entreaberto e semicerrado. As têmporas latejavam, o pescoço enrijecia-se do lado direito, uma impaciência subia-lhe pela nuca na porta da noite. Só quer agora expor livremente os desgostos - e deseja que não lhe surja nenhuma consequência posterior. Pois bem, sentiu-se vazio e desinteressado de si, opaco, estático, ártico. As memórias por um instante trancaram-se dentro do armário, impedindo qualquer lembrança reconfortante. Faltava-lhe piadas ou causos para refrescar o silêncio aparentemente árido. Não era comerciante de palavras, preferia simplesmente jogá-las sem nem mesmo preocupar-se com quem vá catá-las sujas no chão ou retirá-las dos galhos invernais sem flores. Um jogador (de palavras) e silêncio. Seu jogo predileto? Sentir-se bem através da multidão que o ignorava. Sentir-se ignorado na solidão dos outros. Escreveu um poema, mas teve medo de expô-lo - é verdade. Não queria que se pensasse muito a respeito dele, imaginando-se mil labirintos e dúvidas. Há muitos poemas nas veias para serem derramados ainda. Palavras beijadas de alegria - basta! No fim, enquanto aguardava para ir embora, tentou lembrar-se da música que tanto concentrara-se para internalizar. Não conseguia. Colocou-a no ouvido para não esquecer mais. Queria cantá-la no ouvido dela. Naquela noite havia uma euforia tão contagiante nela, mas ele sentia-se cansado e queria colo.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
(a primeira) noite
Abre os teus armários, eu estou a te esperar
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar
E fazer do teu sorriso um abrigo
Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais
Mais vale o meu pranto que esse canto em solidão
Nessa espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela, a primavera quer entrar
Pra fazer da nossa voz uma só nota
Canto e toco um tanto que é pra te encantar
Canto para mim qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais
(Casa Pré-Fabricada - Los Hermanos)
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Enigmático
Sem medo
Outra menina com quem falo,
Se por ventura ler o que se segue
Ouça que eu lembrei outro dia desses
tudo de bom que aqui eu vejo
e sinto o verdadeiro prazer do que percebe
o quão importante foram cada uma
as que me fizeram primaveras
e também as estações severas
de desconstrução de incertezas
desmoronamento de purezas
para germinar novas e derradeiras
verdades
E esta menina que me lê (pensamentos)
Não tema ler qualquer coisa
que minha sinceridade aguda
é uma estação desnuda
dos esconderijos que eu tenho
Aproveite, assim, esse tortuoso atalho
de pedaços de pão que pelo chão espalho
na forte decisão de o mais próximo
estar contigo o tempo inteiro.
muito ou pouco
sangue nutrido de adrenalina verde
po´esias de esmeraldas e cerejas
esqueletos de madresilva
e sorvete
Falta apenas este noturno momento
De sangria literária
Há mais vida em viver a flor
do que em estar aqui a compor
Não desmereça o momento de agora
pela parca produção de prosa
e poética tão escassamente posta
É que nos braços dela vivo as horas
Alvorecendo nesta praia amorosa
e me esqueço de aqui dar uma resposta.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Boa noite
A borboleta cultivada na janela do peito alumiou
os inusitados inesperados de noite inteira
tudo é tão serenamente adorável e belo
a neve queimando beijos calorosos
e a interseção dividida em momentos
abriu futuros de outros tantos desejos.
Há plumas e açúcares no parapeito
e as janelas quebraram os espelhos
Se calo às vezes, é sem pensamento
Sou de sentir apenas - em dados momentos
Que tanta dúvida possa diluir-se
nessa água na boca e no corpo
Podemos simplesmente abandonar este porto
deixar correr o vento em todas as celas
abertas e sem cadeados
das lembranças fulgazes do passado
Corra na areia do enlevo terno
que a correnteza é o que há de mais eterno
e o agora nos é tão alegre
como a heroína dos animais elétricos
saltitando nos dedos dos pés
Só existe a certeza de nós mesmos
É verdade, mas lembre que há pontes infinitesimais
entre cada nervo, entre cada pêlo
do meu e do teu mundo-novelo
de gatos e maçãs e caninos brancos
ouça, feche os olhos, a intensidade do canto
Presentes tamanho e inevitável encanto?
E se o sol continua a nascer
sob nossas unhas, em todo o nosso viver
nenhuma andorinha-sentimento irá s´esquecer
o caminho até esta alvorada
eu e você...
(Farewell and Goodnight - Smashing Pumpkins - uma música)