Já me embriaguei de remorso
e criei calabouços e labirintos no subterrâneo
da pele e do nervo
Derramei chumbo nas veias
e deixei esfriar e endurecer...
Já me circundei de espelhos retorcidos
para ver a dor que causei
como minha própria dor
Deixei se apoderar da vista
uma camada de lodo
e diluir-se o tato sob a poeira
Condenei-me, então, a uma prisão de carne
onde tranquei meus medos
e a insegurança
cultivada a custa de (auto)desconfianças
E perdas
Por essas grades
entre meus dedos
desmancharam-se as asas
do enlevo
Para só então, irremediavelmente perdido
encontrar um caminho
Que as transpassou
Foi um pássaro branco, olhos castanhos
O guia nesse desmanchar
do passado
Levando-me pelos galhos, pelas nuvens,
pelo ar
E agora
Abóboras despedaçadas
Decoram minha alma
E goteiras infinitas
fazem chover aqui dentro
O chão torna-se demasiado
escorregadio
para dar passos invisíveis
E mil afluentes unem-se
a esse rio apertado
que se arrasta, cinza
sem nunca chegar
ao abraço do mar...
terça-feira, 30 de novembro de 2010
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