terça-feira, 30 de novembro de 2010

Mera testemunha


Pernas cruzadas...
Um fio de água flui pela fonte de bambu...
Límpida e fresca
A mente repousa no vazio
Da árvore pendem as flores
Recém nascidas...
Não se lembram de suas irmãs desfalecidas
Da estação passada
Levanta-se e anda
Umedece as mãos e o rosto
Dedica bons pensamentos
À grama e ao arvoredo
De um instrumento de corda
Intui uma nova canção
Canta as palavras que florescem
E recita versos sem pressa
Nutrindo-se da polpa da vida
Pés conectados à terra
Planta sementes de alegria
Despe-se dos tecidos e mergulha
Flutuando sem peso e sem controle
As gotas lhe evaporam o calor
E animam os músculos ao cuidado
integral de tudo
Do corpo, do ambiente, do espírito
Das pessoas
Ouve súplicas e consola
Enquanto seu interior consola-se
Naturalmente partilha
Sua energia vital
Pois que não é sua
Nem pode ser retida

Sua dor e insegurança
Desespero e carência
Sua solidão e fragilidade
Medo e desamparo
São aceitos como elementos
Da gratuidade
Do fluxo irregular e diverso
Não teme o nascimento,
O envelhecimento,
A doença ou a morte
Se regozija com a verdade
A simples verdade do que é...

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