"Quando um homem constrói sua casa, há aí um pouco da mesma aptidão com que uma ave constrói seu ninho. Quem sabe, se os homens construíssem suas moradias com as próprias mãos, e providenciassem alimento para si e para suas famílias com simplicidade e honestidade, será que a faculdade poética não se desenvolveria de modo universal, tal como as aves universalmente cantam quando estão empenhadas nessas atividades? Mas, ai de nós!, fazemos como os chupins e os cucos que botam seus ovos nos ninhos construídos por outros passarinhos, e não alegram ninguém com seus piados pouco musicais. Iremos sempre entregar o prazer da construção ao carpinteiro? O que a arquitetura representa na experiência da maioria dos homens?"
H. D. Thoreau, no livro Walden, página 55. (LPM Pocket, 2010)
Sempre quis participar de um multirão de construção de uma casa. Uma casa popular, do tipo mais simples possível, que umas dez pessoas conseguem construir em uma ou duas semanas (realmente não tenho muita noção). Aprender a preparar cimento, a acomodá-lo entre os tijolos, a pregar a madeira com pregos firmemente, passar a argamassa nas paredes, forrar o teto, colocar as telhas de maneira que magicamente a chuva não as transpasse, colocar a cerâmica no chão e no banheiro... Aprender todos esses pequenos detalhes que concretizam um sonho, edificam a esperança, protegem o que é querido...
Tantas vezes imaginei também a perfeita e harmônica organização dos cômodos de uma casa que poderia chamar de familiar, irmã, semelhante a mim. Algo irregular na forma, nos níveis dos pisos, diversa nas sensações, múltipla nas surpresas e esconderijos, ampla na criatividade, indescritível no caráter. Sem excessos, apenas o espaço certo para a convivência, repouso, concentração, retiro, contemplação, degustação, estudo, paixão e calma. Gosto tanto de desníveis, a sala mais alta que o corredor, descendo mais um pouco para a cozinha, um escritório abaixo da sala, acesso por uma escadinha, o quarto acima, através de um caracol de degraus, mirante mais no alto, jardim em camadas, laguinho... gosto tanto porque se parece com a alma, subterrânea, terrena, sublime, transcendente, mundana - irregular. E tantas cores diferentes nas paredes, nos detalhes, contrastes e matizes que caminham junto com o humor, com o momento... E luzes indiretas, várias, diminutas, delicadas... almofadas... janelas grandes... mimos e doçuras...
Uma arquitetura espiritual, impossível de se realizar sem conhecer e/ou sentir a vida como ela é... Significativa... Singular e Sensível...
Tantas vezes imaginei também a perfeita e harmônica organização dos cômodos de uma casa que poderia chamar de familiar, irmã, semelhante a mim. Algo irregular na forma, nos níveis dos pisos, diversa nas sensações, múltipla nas surpresas e esconderijos, ampla na criatividade, indescritível no caráter. Sem excessos, apenas o espaço certo para a convivência, repouso, concentração, retiro, contemplação, degustação, estudo, paixão e calma. Gosto tanto de desníveis, a sala mais alta que o corredor, descendo mais um pouco para a cozinha, um escritório abaixo da sala, acesso por uma escadinha, o quarto acima, através de um caracol de degraus, mirante mais no alto, jardim em camadas, laguinho... gosto tanto porque se parece com a alma, subterrânea, terrena, sublime, transcendente, mundana - irregular. E tantas cores diferentes nas paredes, nos detalhes, contrastes e matizes que caminham junto com o humor, com o momento... E luzes indiretas, várias, diminutas, delicadas... almofadas... janelas grandes... mimos e doçuras...
Uma arquitetura espiritual, impossível de se realizar sem conhecer e/ou sentir a vida como ela é... Significativa... Singular e Sensível...
Assim... uma casa como um corpo para a alma...
2 comentários:
LINDO SEU POST, GOSTARIA DE MORAR NA CASINHA DESCRITA,CHEIA DE ARTE...MUITO INTERESSANTE SEU BLOG,VOU SEMPRE PASSAR AQUI NO SEU CANTINHO.
TATI
BYTATIBARROS-AL.BLOGSPOT.COM
Tão fisicamente derrubável.
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