domingo, 26 de maio de 2013

"Eu vou, eu vou"...


Olha para trás. Começa a chover ali na frente, sob o mar, caem ondas turvas esbranquiçadas, gotas de chuva inúmeras que caem juntas, ao som das quedas, dos choques, dos beijos no chão, na água dura do mar... olha... onde ele está ainda não chove... mas não tarda... ela vem, chega já... aos poucos, as nuvens uma a uma abrem seus braços para despejar seus filhos em filas perfeitamente esculpidas no ar... chega já a vez dele se molhar... as pedras na rua, a ladeira, as plantas mortas na calçada, as árvores verdejantes, tudo começa a se molhar... até chegar nele... pequenas gotas, poucas, agora mais, ainda mais, e enquanto anda, como quem foge, sente que atrás dele vem a torrente de mordiscar de dentes de água gelada... E já! Cai sobre seus ombros enfim a grossa cortina azul e branca e transparente e úmida e envolvente e dançante e querente... Não faz mal, já estava molhado, de mar que tinha nadado e voltava pra casa... cada passo no chão de respingos imensos e brincando em cirandas de barro e pedra...

Ela veio, enfim... e se fez toda nele... sem juízos nem pesos, nem nada que pudesse perder, pôde simplesmente molhar-se todo, encharcar-se de alma inteira, escorrendo por entre a pele o que tivesse que voltar ao mar...

Uma música - Chances - Strokes

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