domingo, 14 de julho de 2013

Mariposas


Alcinha branca caída pelo ombro. Ela não se dá conta de quem se é movimento. Tão sem ela que charme de sem ninguém. Naqueles olhos de céu noturno a lua cheia brilha por trás de nuvens carregadas. Enquanto segura um copo de cerveja gelada pincela palavras na esquina do bar. Parece-lhe que dela escapam os gestos, que tudo que diz simplesmente respinga no chão. Cabisbaixa, observa os detalhes do piso escuro e manchado. Está frio, é madrugada alta. O sereno invade a pele. Aproximam-se as pessoas do círculo de afins como que cercando uma fogueira. O único calor disponível é o que emana deles. Um enlaça o pescoço dela como que preocupado em aquecer. Não importa muito. Escuta tudo o que ele diz sem atenção, como uma voz ambiente que norteia o espírito, que harmoniza os interiores. Ela quer se acalmar. Sentir-se lá. E esquecendo-se de si, com lágrimas de garoa neblina descendo pelo rosto, ela envolve também a cintura dele, escolhendo deixar.

A Patinha da Garça - Vanguart - uma música

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