terça-feira, 27 de agosto de 2013
Jogo Poético II - Corpo
Lembrete: O jogo é assim: escolhe-se um tema simples, cotidiano, qualquer, e escreve-se de forma espontânea-criativa-louca sobre ele, deixando fluir as imagens-palavras-insanidades que transpassarem os dedos-sentidos... além de um jogo, é também uma técnica psico-analítica-pós-interior de desvendar submundos...
Tema: Corpo
Abre o chuveiro, deixa a água correr, molhar os dedos, os pés, os cabelos, os ombros, os seios, os joelhos, deixa ela caminhar, gota ante gota, pelos anseios, espelhos, medos... deixa as mãos dele cuidarem de ti, massagearem os sentidos com aromas de flores, de frutas, de sonhos contidos n´um pedaço colorido de espuma em êxtase... Deixa o corpo ser corpo, estar corpo, querer corpo, viver corpo, festejar corpo, purificar e inundar... envolver-se nas pernas braços carícias quadris roçando assim como o riacho no cascalho, faiscando, elétrico, cristalino estado de desejo... e paz fria na nuca da água derramada do céu... e ali, doidamente, sexo com cheirinho de banho...
O chão de madeira descobre a dança dos pés intuitivos, das mãos vibrantes que comandam orquestralmente movimentos musicados sem música... Contemporânea expressão atemporal da razão do corpo em existir - mover-se realizando-se em seu estado de puro corpo... Ao dançar os olhos se fecham, deixa-se guiar pelo desequilíbrio da loucura abandonada de mente - agora sente e só e basta...
Pula e cai... e rola e grama e terra e cheiro de verde e areia e cheiro de lagoa e água e delícia e cheiro de riso e brincadeira roda puxa agarra molha e cheiro de gozo de vida de essência de instante destilado no alambique suado exausto do corpo... exausto vibra suas últimas forças largadas na lâmina d´água flutua olha o céu navegando nas nuvens azuis roxas e laranjas que escondem-se atrás dos olhos de algodão... lambe os lábios de água doce de corpo d´água e sacia sede de ser mais...
E voa no balanço da árvore dos poros da casca e da seiva... e ganha os ventos da copa alta de mangueira escalada na infância de hoje... engole a vida com boca redemoinho de gestos sutis de sorriso suave que chama pro beijo na cama de folhas sem roupas sem outras preocupações senão expor o sentimento da carne que arde na alma sem calma e abre caminhos sem pedras macios e carinhos que descobrem o que ninguém nunca viu pressentiu que está pr´a nascer o que é que vai além do ser - corpo sublime mostra sua forma de ser...
Uma música - No name #2 - Elliott Smith
Outra - Lithium - Nirvana
Outros temas: Foto, Arte, Roupa, Sono, Faxina, Música, Água, Praia, Viagem, Livro, Sentidos, Solidão, Criação, Escrita, Sonho, Morte, etc...
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Bom para ir...
Rua após rua, as rodas ganham o espaço, o tempo, a distância entre a alma e a calma... Pedalar pode ser uma forma de acabar... lidar com a sensação pelo caminho percorrido... enquanto ouve canções, procura o melhor trajeto, mais verde e sombreado, para chegar ao parque, ao destino, ao início... Naquele dia foi ao encontro de uma tarde de conversas com quem gosta de conversar... a única menina de cabelo claro com quem gosta de conversar... (até agora) e que tem uma energia resistente e fugaz que anima... Qual a natureza da cor dos cabelos e como a ondulação dos fios participa das aproximações e das partilhas? O que importa é que, sentados diante do lago, enquanto patos ensaiam voos e o sol se deita em ritmo lento, estabeleceu-se no diálogo um momento de limpidez, de translucidez, de vivacidade... na volta, só, consigo, repercorreu as mesmas ruas de uma cidade distante de casa, achando museus e fotos e filmes pelo caminho e um friozinho de casaco azul listrado e calçadas alegrias...
Good to go - Elliot Smith - uma música
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Queime depois de ler
Manifesto de fundação da Pró-associação dos (A)tingidos pela Pós-modernidade
A pós-modernidade não é uma teoria, não é uma novidade, não é uma abstração. A pós-modernidade é apenas um resultado ou o ápice do sistema capitalista em sua forma globalizada, especulativa, financeirizada, onde tudo é imagem e mercadoria, onde tudo é desagregação falsamente agregada, fragmentação ilusoriamente conectada, corpos partidos, espíritos rachados, emoções trincadas, sonhos plastificados... Os seres humanos são máquinas-animais nesse sistema de consumo, de consumo de vidas... nos esgotamos correndo n´uma roda de ambições, vontades comerciais, esperanças moldadas, para manter em funcionamento esse corpo de relações sociais de dominação e exploração, frustração e compensação, violência e entretenimento.
Correndo, com pressa, endividados, dispersos, sozinhos, isolados, em multidão... sujeitos dóceis ou tornados inofensivos, seres incapazes de perceber-se coletivamente, de integrar-se, de harmonizar-se com uma construção coletiva, uma relação social coletiva que busque sua libertação, ao invés de sua escravidão. Esse é o resultado de cerca de 10 mil anos de sociedade de classes, de dominadores e dominados, de senhores e escravos, hoje em seu grau mais avançado, complexo, destruidor e sanguinário. Torrentes de sangue de nossas veias são bombeadas por cartões de crédito e bancos de empréstimos consignados. Quanto tempo trabalhamos para pagar nossas dívidas? Nascer é uma dívida, nesse sistema. Muito foi pago para nos fazer nascer e nos cobram desde o primeiro momento. Morrer também é uma dívida. Viver é uma dívida. Quanto de nossas vidas são dadas para comprar coisas, ou, pior, minimamente para poder continuar vivendo, trabalhando mais, para viver um pouco mais, em um ciclo cujo fim é a morte vã? O que isso diz sobre nós, senão que continuamente nos fazemos coisas (coisificados), substituindo a vida que existe em nós por coisas que nos alentarão pelo fato de não vivermos...
Diante disso, cria-se aqui, agora, a cada ato de leitura deste texto, a todo instante e intermitentemente, a Pró-associação dos (A)tingidos pela Pós-Modernidade. Nada mais é do que um espaço, um tempo, uma brecha, uma rachadura na opressão que nos cerca e que vomitamos continuamente. Esta Pró-associação não é uma organização, uma entidade, uma instituição, uma coisa. É um impulso de relações em busca de libertações mínimas e máximas dentro do sistema de relações destrutivas pós-modernas. Sendo assim, na Pró-associação os sujeitos que se sentem profundamente atingidos pela pós-modernidade encontram outros para assim apoiarem-se na emancipação comum. Pelas nossas dores e feridas nos unimos em laços de afetividade e solidariedade para superarmos as relações envenedadas pela insegurança psicológica que nos é incutida, pela vaidade individualista que nos é engolida, pela dispersão e fragmentação corpo´mental e espiritual que nos é propagada, pelo desespero pela sobrevivência que a todos empurra à escravidão "voluntária".
Transformar esta realidade e relação social caracterizada pelo ápice capitalista aqui denomidado pós-modernidade é o foco da Pró-associação, mas isto não faz dela substituto dos movimentos socias e demais espaços de transformação. Contudo, a maioria das iniciativas de transformação é realizado por sujeitos atingidos em sua íntima estrutura psíquica, espiritual, corpo-mental pela pós-modernidade, fazendo deles sujeitos fragmentados e dilacerados.
Exemplo disso é quando cada um de nós precisamos percorrer diariamente dezenas de quilômetros para chegar a qualquer lugar, desde uma reunião do movimento, ou ao local de trabalho (escolhido-compulsório) que nos dará sustento, ou ao lugar que vende lazer, saúde ou qualquer necessidade humana básica feita mercadoria. Este urbanismo ultradistanciado nos dilacera cortando nosso tempo e nosso espaço por distâncias psicológicas e concreto-armadas. Sempre de passagem, sempre indo para algum lugar que não o nosso próprio lugar para resolver ou fazer algo, ou simplesmente estar. Assim, a Pró-associação atua na reorganização urbanística dos seres, transformando os paradigmas de moradia, convivência, atuação e deslocamento em um único paradigma que afirma que precisamos existir, coexistir e transformar a realidade e as relações preferencialmente e prioritariamente no território que nossas pernas podem percorrer no espaço de minutos e sem se cansar. O que significa que a comunidade e a vivência comunitária, consideradas em sua raiz existencial, é um dos caminhos de superação da pós-modernidade. Ao invés de viverem em casas separadas, em estruturas sociais baseadas no núcleo familiar (ou na família nuclear), estrutura ancestral da sociedade de classes ou então fortemente apropriada por ela, ao invés de cada um viver em lugares distantes, sendo preciso que todos desloquem-se para pontos de intermédio para realizarem suas ações pessoais e sociais, busca-se o rompimento com este urbanismo desagregador, em busca de outro agregador, solidário, participativo, de laços afetivos transsociais, ou seja, amplos e irrestritos entre todos os viventes do lugar.
Outro exemplo dos resultados nos sujeitos da pós-modernidade é a formatação dita educacional que recebemos desde nossos primeiros contatos com o conhecimento. Recebemos tudo em pacotes, separados, disassociados, descontextualizados, o conhecimento fechado em disciplinas, em "ciências", como se o conhecimento não fosse sempre interrelacionado e complexo. O conhecimento foi partido, triturado e distroçado, sendo assim injetado (e vendido) em mentes amolecidas por uma disciplina que nega-lhes a pergunta, a curiosidade e a criatividade. Ao contrário, atuamos aqui um conhecimento integral, enriquecido com fibras, laços, multiplicidades, sabores, emoções, conexão de todas as dimensões da existência humana.
Pró-associação porque o ato de associar-se precisa ser proposto permanentemente, não imposto. É uma escolha diária e necessariamente consciente e voluntária associar-se, estar com o outro, construindo com o outro, para favorecer a si mesmo no benefício de todos. Como a pós-modernidade é o ápice de uma sociedade em que as relações sociais estão profundamente permeados por uma lógica comercial, de dominação, de competição e isolamento, precisamos (re)criar a prática associativa em nós individual e coletivamente.
Ao ler este texto, eu, leitor-escritor que percebe e transforma o mundo, abro a possibilidade da pró-associação, estando livre para associar-me ou esquecer.
60 revolutions - Gogo Bordello - uma música
Da Servidão Moderna e Surplus - dois documentários
Pró-associação porque o ato de associar-se precisa ser proposto permanentemente, não imposto. É uma escolha diária e necessariamente consciente e voluntária associar-se, estar com o outro, construindo com o outro, para favorecer a si mesmo no benefício de todos. Como a pós-modernidade é o ápice de uma sociedade em que as relações sociais estão profundamente permeados por uma lógica comercial, de dominação, de competição e isolamento, precisamos (re)criar a prática associativa em nós individual e coletivamente.
Ao ler este texto, eu, leitor-escritor que percebe e transforma o mundo, abro a possibilidade da pró-associação, estando livre para associar-me ou esquecer.
60 revolutions - Gogo Bordello - uma música
Da Servidão Moderna e Surplus - dois documentários
Marear...
Mecanismos. Em minha permanente relação comigo em minhas múltiplas dimensões, deparo-me com desafios - sentimentos, lembranças, ideias e emoções que correm, se agitam, fazem barulho em meu corp´alma, perturbam, desequilibram, desorientam, pois nos agarram e não nos deixam ir adiante, caminhar o caminho livre... Nestes momentos decisivos é preciso brincar de arte-pensamento e deslizar para outros deslugares mais chamegantes...
"Pare de pensar nisso!" e viro os olhos do interior pra uma janela que acabo de criar na hora para concentrar o estar sendo no ser... Não é que eu não possa pensar nisso ou em tudo, que eu esteja me privando de sentir, ou tentando fugir ou desviar ou... - eu sei, tenho consciência, está claro. Pronto. A partir daí, é apenas repetição... o pensamento em loop vicioso retomando pontos finais... E eu tenho mais o que fazer do que ficar dando voltas no mesmo lugar... Sendo assim, saio da roda, deixo o giro, largo o círculo, e vou pr´outro lado criar um novo...
Mecanismos. Olho e minha mente antevê o real (ou o anti-real), imagina antes de ser, cria o que ainda não é... ou seja, julgadefinefechamata... "Pode ser que sim, pode ser que não", "Deve ser justo o oposto", "Ou sou eu que sou assim"... Sub´inverto a morte que impus ao outro para me reviver na abertura da possibilidade... Se acho que foi o outro, imagino que talvez tenha sido eu... se acho que o outro pode ser isso, imagino que ele pode ser qualquer outra coisa... e liberto-me na liberdade do outro...
Abrir. Sair. Entrar no que há fora... Deslimitar, desfronteiriçar, abririzar... Quebrando os vícios corpo-mente-espirituais, superamos ao menos aqui e agora a restrição que deixou de existir... E o vazio se tornou a infinita possibilidade de tudo ser...
On the Sea - Beach House - uma música
sábado, 17 de agosto de 2013
Balão
Gosta de dançar. Quando dança, sente que ela dança com ele, que dança como ela. A sente no corpo, na intuição do gesto, no pressentimento dos pés, dos joelhos, dos quadris e ombros... sente que os pulsos fazem a mesma brincadeira de ritmo, que os olhos se fecham na mesma penumbra. Ele põe aquela música mágica, que transpassa quilômetros e abismos e a traz pra perto, ao lado, junto, rostos cerrados no espírito melódico, na vibração cardíaca, na latência da pele...
Tem noites que apenas a música segura na mão, envolve o corpo, desmantela a ausência... brincando de ficar só, ou aceitando as solitudes, ele sorrateiramente descobre a gravidade do sentido... do sentir... a fragilidade do partir, do partido... e a desacralidade do porvir...
Quando toca esta música, a luz amarela do banheiro, a água morna do chuveiro, as gotículas no vidro do box, o sabonete de romã ou de erva doce, tudo o leva para lá... para onde não há, não está... Não importa, enquanto a música tocar...
Cecília e os balões - Cícero - uma música
Tem noites que apenas a música segura na mão, envolve o corpo, desmantela a ausência... brincando de ficar só, ou aceitando as solitudes, ele sorrateiramente descobre a gravidade do sentido... do sentir... a fragilidade do partir, do partido... e a desacralidade do porvir...
Quando toca esta música, a luz amarela do banheiro, a água morna do chuveiro, as gotículas no vidro do box, o sabonete de romã ou de erva doce, tudo o leva para lá... para onde não há, não está... Não importa, enquanto a música tocar...
Cecília e os balões - Cícero - uma música
domingo, 11 de agosto de 2013
Líquido...
Um dia haveria um encontro. O universo não é tão grande assim que pudesse evitar. Subiu a ladeirinha de alternativas matos e terra. Estava com fome. Aquele dia fora suave, levando cada atividade como quem atravessa o vento, sem fazer resistência... ainda teria uma aula naquela noite e precisava alimentar-se no cantinho familiar antes de partir. Foi. No caminho, rostos conhecidos acenando oi, balcão e luz amarela e uma blusa verde. Aquela blusa verde, aquela bolsa de couro, um relance de rosto que esgueira-se para trás do expositor de salgadinhos. Coração repercute percussão. Dá um passo, outro passo, até desfazer a distância da fuga, da temeridade, do tempo... Um diante do outro, depois de um abismo de afastamentos, não dá para evitar... sem palavras, apenas um abraço eterno enquanto durou... abraço úmido de olhos, apertado de braços, caloroso de espírito e saudade e bem muito querer bem...
Uma música - Christian Brothers - Elliot Smith
Imagem: Rogério Fernandes
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Jogo Poético I - Sabor
O jogo é assim: escolhe-se um tema simples, cotidiano, qualquer, e escreve-se de forma espontânea-criativa-louca sobre ele, deixando fluir as imagens-palavras-insanidades que transpassarem os dedos-sentidos... além de um jogo, é também uma técnica psico-analítica-pós-interior de desvendar submundos...
Tema: Sabor
Caminhando por gramados de asas pré-moldadas por sonhos de mundos de razão natureza-morta, encontram cantinho de janelas enferrujadas e cortinas e mesinhas e cardápio-arte belo... folheando folhas de outono descobrindo os sabores do lugar, uma intuição: um certo creme de manga que está ali como quem não quer nada além de refrescar a tarde fria... pairava no ar um mau-humor de pouco sono ou resistência de quietude que diante do manjar amarelo desfez-se... encontrou-se livre para sorrir...
Sabores mais que línguas também cores odores memórias sensações associações com mundos de antes e depois... cada alimento repleto de corpo e alma e paz e treva e chama pra perto a vida ressurgindo no interior transparente da papila gustativa...
Na ponta da ponte entre a boca e o sabor o doce lisérgico que acalma e entorpece e transporta daqui pra onde se quer chegar... naquela hora preciso da droga negra, orgânica, forte, fronteiriça entre o doce e o amargo... amargo de chá com pouco açúcar, tudo com pouco açúcar - o que é isso senão um registro do que vivi e aprendi? O azedo de limão maracujá gengibre morango chega de lado, cercando a cintura, com jeitinho, suave, sensual... arrepia porque alegria... intenso porque penetrante... anuncia a acidez fantasia que revira mentes sentes que é mais que real e chega a descobrir qual a essência do gozo... quando chega o instante que o sal acorda do sonho e nos faz realizá-lo sem medo, com temperos e segredos e labaredas... salgado é o mar suor e a massa de pão que sovada pela energia vital transforma a matéria em sabor... Sabor é a vida que cheira a pele querida que amor perfuma até quando não está... e tudo que é sentido é poesia é beleza é arte que nos faz existir...
Música-sabor - Selvage - Curumim
Outros temas: Foto, Arte, Roupa, Corpo, Sono, Faxina, Música, Água, Praia, Viagem, Livro, Sentidos, etc...
calçadas...
Tenho pensado muito sobre memória. Sobre lembrar. Sobre viver o que é dentro de nós nas salas cinematográficas cerebrocardíacas... Mas, olhava como quem queria, como quem não tinha, como quem perdia... e não... no ônibus, chegando no ponto em que ele entra na rua da feirinha de artesanato, pegando o labirinto de ruas de pontas negras e asfaltos pandeiros que tremem cada metro percorrido, passando por esquinas de dez anos de minha vida, praças de dias passados e placas antepassadas, decidi então que tudo que lembro é, está, vale cada centímetro de alma gravada na história de si. Como perder o que vivemos da forma mais vivida possível? Como querer o que já somos nós? Clara, cristalina, límpida compreensão que sempre esteve diante do(s) olhos/ser... mas às vezes esquecemos quando lembramos...
E a medida que vivemos, transformando cada memória vivida em mais e muitas e umas sobre outras, vamos pintando o mundo ao redor de cor´instantes que ficam, impregnam-se na paredes, nas pedras, no verde, no gosto dos espaços... e cada pedacinho de si/tu/do espalhados por aí encantam pela beleza da partilha, da dádiva...
Ponto Cego - Cícero - uma música
Quando
O Ser bruto
Expresso sem querer
Sem motivar uma imagem
Inevitável, por não deixar
de imagem´nar-se
A matéria viva e sensível
em sua máscara dérmica
desprotegida, vulnerável
O olhar cru, a expressão nua
mais do que qualquer
produção da arte-ficialidade
arte-facialidade
saídas fáceis para fora de si
descaminhos de pós e pincéis
Ah, a alvorada do corpo que desperta do sono profundo
e carrega nas pálpebras os mistérios do dia anterior
e de vidas passadas
O fluxo do corpo trêmulo lavado pela chuva
desmanchando formas de cabelos e espíritos
Revelando pelas gotas poros
chaves de segredos... aquilo
que as aparências guardam de subterrâneo...
Paixões de corpo, superfícies, víceras
emaranhadas como múltiplos caminhos que conectam
e alegram os seres que entre´são...
Uma música - Interfone - Cícero
Arte - Jana Joana e Vitche
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