Chegou atrasado nesse ponto, mas
enfim chegou. Chegou à porta vazia, para poder ele mesmo ir adiante. Enfim ou
mais uma vez o antes parece absurdo de tão distante, tão diferente do agora.
Mais uma vez irreconhecível, não se reconhece no antes e ainda tenta se
encontrar no agora. Parece até mentira, ficção, mito, fantasia. Quando o que
era mais cotidiano se torna irreal. Reinventando o cotidiano num tarefa árdua
de refazer o mundo de tudo, de dentro para fora, de fora para dentro, de fora e de dentro. Nesse
processo tão estranho, passa por momentos de amnésia urgencial, modos de
recuperação ou manutenção do ser, lutando para manter-se são diante de certos
colapsos interiores e afetivos. A anestesia virou um coma. A ausência virou uma propriedade do ser. Nesse processo tão estranho, passa por momentos
de basta, de chega, de não. Como se fosse preciso partir do zero, do nada, pois
o negativo se torna insuportável, a história lhe parece impossível. Como se
morto, como que não sente, nem dor. Como se nada sentisse, ainda que sinta, não
se sabe mais o quê, ou ao menos descrever minimamente o sentir, minimamente
tornar possível o sentir, diante de si, consigo. O sentir também parece
impossível. Como se a dimensão do sentir nunca tivesse existido, parece que
assim consegue ir adiante no que resta, nos outros planos da existência. Rabiscos de sentir parecem apenas rabiscos. Abstratos, alheios, aleatórios. Não tendem a uma linha, um laço, um caminho a seguir.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
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