O tempo não possui forma de medida possível, previsível. Seus caminhos, seus processos se revelam apenas no exato momento em que se tornam. As estações, por exemplo, os ciclos espirais, acontecem com tamanha variedade de possibilidades que a meteorologia de cada um se torna improvável. A astrologia também tenta, mas acredito que a tarefa é maior e mais complexa do que definir posições astrais e suas influências. Ou não. Teria Marte despencando sobre a constelação de Libra, causando uma instabilidade e um desmoronamento geral neste ano que chega aos últimos e sôfregos dias? Ou Plutão ofuscou Sagitário, tirando-lhe todo o riso? Teria Netuno momentaneamente desaparecido do céu ou afastado-se tão violentamente que deixou de se sentir? O horóscopo chinês também traz contribuições irônicas para os acontecimentos que se arrastaram...
Acontece que foram oito anos/décadas de ascensão, crescimento, aprendizados que ampliaram os espaços, as formas, as direções. Foi um período inaugurado com o nascimento primeiro da semente de autonomia do sujeito. Foi um período marcado por muitas e muitas quebras, mas logo seguidas ou simultaneamente acompanhadas de construções e expansões que fizeram essas dores todas parecerem menores, parte de alegrias maiores. Foram oito anos em que as relações só se fortaleceram, se aprofundaram, aprofundaram, aprofundaram... parecia uma profundeza ininterrupta... Como se seguir reto, mesmo que ondulante, percorrendo trechos melhores, ora montanhosos, ora litorâneos, bastasse... continuar indo...
Mas no fatídico e quase ido (e que se vá!) ano/década de 2013, número tão grave, feroz e temperamental, a jornada iniciada oito anos/décadas antes encerrou-se. Ou melhor, encerrou-se ano/década passado/a... foi o fim. Da linha, do tempo, do mundo como o conhecia, do jeito de viver. O fim de tudo que sobrou depois desses oito anos de quebras, de perdas, de reorganizações... ficou tudo para trás... Esse ano não foi bem o começo de um outro, de um novo... Esse ano foi apenas demolição, demolição... deu para começar algo, plantar algo?... sim, um pouco, minimamente, para se continuar vivendo... Mas o processo de esquecer/superar/perceber que se foi tudo que se viveu nesses oito anos/décadas foi muito mais forte, intenso, predominante... retração, contração, distração, distanciação, mortificação... O caminho parou. Parei. Por um bom tempo olhando sem saber para onde ir, sem ter para onde ir... O mundo ficou menor, a ideia ficou menor, tudo ficou menor... reconheço-me menor... tudo é menor... O que será agora?
Our Window - Noah and the Whale - se houver ouvidos...
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
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