sábado, 6 de julho de 2013

companhia (II)



Olhe pra mim... não vês nada... me escute... nada ouves... Porque o que sou não transpareço, talvez... o que expresso, fica mudo... Talvez porque nenhuma linguagem possa de fato dizer... E só aqui grito, numa tela branca de papel ou eletricidade ou imaginação ou ilusão... O mais próximo de mim que posso ser... que ninguém pode ser... E ainda assim, não sou eu... eu não caibo aqui... eu não caibo em mim... nada cabe... nada pode caber... Imagina se fôssemos de um tamanho que se pode medir? Não, não dá...

Mas tudo bem... independente do fato de sermos corpos, sermos eus, sermos sós, podemos fazer companhia de estrelas na noite... brilhando um luz fraquinha, mínima, mas que aquece, não importa onde esteja... chega... 

E nessa companhia, vamos fazendo a melodia do mundo... do humano... das peles saem as músicas que aninham... dos espíritos em transa escapam os brilhos fugazes que transparecem o que importa sentir...

Ma Mémoire Sale - Canção de Alex Beaupain, interpretada por Louis Garrel - do filme Les Chansons D´amour

2 comentários:

Samis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Samis disse...

mesmo com nuvens pesadas