domingo, 20 de abril de 2014

Manifesto ou Indigesto Aleatório


A palavra Aleatório é por si mesma aleatória. Que vem a ser aleatório? Todas as possibilidades e nenhuma? Que vem a ser uma pessoa aleatória? Que é qualquer nada, insignificante? Ou imprevisível e inquietante? Que seriam ações aleatórias? Despropositadas e fúteis? Resistentes e incontroláveis? E o amor, a vida, o destino, que mais se pode dizer senão que são A-le-a-tó-ri-o? Tó-le-a-ri-os-a? Le-a-ri-os-tó-a? Faz diferença a ordem? Ou impõe-se mesmo a incompatibilidade com a ordem?


Toda forma de controle da vida é imediatamente motivo de chacota, de erro, de acontecimento impensado, não planejado, de ação aleatória. Que direi eu do que você reluta em me contar? Temes uma resposta que presumes. Por que não ousar? Deixar as improbabilidades guiarem... afinal, elas já farão isso de toda maneira.

Aleatório – acasos? Quantos acasos são precisos para que sejamos quem somos? Amemos quem amamos? Odiemos o que odiamos? Queiramos o que queremos?

Quantos intrincados quebra-cabeças de peças perdidas em palheiros compõe o que chamamos de nossa história? E a história da humanidade? Como seria, se algo tivesse acontecido de forma diferente? Mas não, por um acaso, aquela revolução não deu certo, a outra sim, aquele inventou foi esquecido, o outro não, aquela conquista foi duradoura, a outra desfez-se, aqueles se uniram, outros quebraram-se. Aleatório? Ou precisamente calculado segundo regras infalíveis? Que regras? Que medidas ou trilhos podem ser traçados?

Quando se encontram todas as respostas – a vida muda todas as perguntas?


17/04/14 – Em algum lugar entre Bahia e Minas...


Imagem: Paul Klee

Sigur Rós - Varðeldur - aleatorizando-se

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