Imaginação vã, supõe-se que no primeiro trecho, acompanhado de tantas e tantos semi-desconhecidos ou quase-conhecidos, uma infinidade de conversas, histórias e planos estariam no roteiro. Nem tanto. Poucos papos, uma ou outra possibilidade futura estabelecida. Uma queda ou balanço aleatório, linda demais para se tirar os olhos, mas sem ânimo para dizer algo mais. Já no ônibus de linha pensei “é a primeira vez que viajas para longe, para encontros políticos, com a galera? Minha primeira viagem também foi aos 17”. Teria então várias histórias para contar. Poderíamos ter tido boas conversas. Nada disso me ocorreu quando era oportuno.
Outras lembranças. Ao final do ano passado tudo parecia bem entre ele e ela (não a do parágrafo anterior, outra história mais antiga e dolorida). Partiu em mais longa viagem, até o outro lado do continente-país, tudo estava bem entre eles. Há muitos meses não a sentia tão perto, tão afetuosa, tão querida. Na volta, como gosta a vida, estava tudo mudado. Outros caminhos. Portas fechadas. Encruzilhadas, trilhas intuitivas... Seguindo os caminhos com menos mosquitos, ou aqueles que levam a melhores lembranças futuras.
Viagem de poucas conversas. Mais dois achados. Centenas de páginas lidas. A maioria delas de um livro emprestado. Autor inédito, anteriormente estranhado, com o qual tinha uma postura relutante. Diria este velho bêbado algo que preste ou só mais um punhado de frases aleatórias? Não conseguiu parar de ler. Sofreu para devolver ao dono na hora do adeus. Precisa encontrá-lo na primeira livraria.
Um dia inteiro só. Para ler, pensar. Uma viagem para estar só. Reorganizar as gavetas, os papéis, os anéis, os dedos. Para parar-se, reduzir-se, aquietar. Andar por andar. Ir por ir. Por que está fazendo esta viagem? Qual a explicação? Vários motivos, mas motivo nenhum. Uma pessoa? Uma visita? Um encontro? Um trabalho? Uma pesquisa? Uma partida?
Uma forma, digamos, de sanar a vontade de ir embora e ter vontade de voltar...
17/04/14 – Em algum lugar entre Bahia e Minas...
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