sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Rir´tuais


Ela veio voando - de forma mágica, rápida, esvoaçante. Chegou na torre dele. Também uma torre encantada, protegida pelos mais antigos suspiros e sopros misteriosos que envolviam aquele alto cume numa neblina bruxuleante. Mas ela sabia intuitivamente a chave do portal que dava entrada naquela caverna de pedra acima das nuvens. Ele lhe contara no ouvido do sonho o único jeito de entrar. E ela chegou enquanto ele dormia. Com seus pés descalços, seus tornozelos e pernas trançados de tecidos finos e negros, sua saia nada santa, seu rebolado místico, silenciosamente ela caminhou até o antro noturno do homem. Um salão penumbrado, pouco preenchido, apenas um baú sombrio num canto, tecidos élficos sobrepostos, imagens e palavras obscuras e inquietantes pintadas e espalhadas pelas paredes, um punhado de livros de obscenidades empilhados ao lado da cama baixa. Ela o olhou demoradamente, lançando-lhe versos silenciosos, mas poderosos. Então postou-se ao lado da cama, passou uma perna por sobre o homem em transe, ajoelhou-se sobre ele, sentando em seu colo, imobilizando-o. Sentiu sobre si uma energia latejante. Dançou seu quadril sobre o colo inquietado. Ainda de olhos fechados, o homem lentamente moveu as mãos e pousou-as nas coxas da intrusa, sentindo-as, apertando-as, quase machucando-as. Ela sentiu mais forte energia sobre si. As mãos fortes subiram para a cintura, uma delas alcançou as costas nuas e trouxe para junto dele, aproximando as bocas. Quando os rostos distanciavam-se apenas poucos centímetros, ele abriu os olhos e disse 'chegastes, maldita, e explodiu-lhe um beijo que roubou-lhe o ar, o fôlego, as forças, tremeu-lhe as pernas, ao mesmo tempo em que ele a penetrava magneticamente, causando-lhe um choque por toda a coluna, subindo pela nuca que ele acariciava com seus dedos delicados. O beijo e o mover dos quadris em encontro e danação permaneceu intenso durante um longo trajeto da lua cheia pelo céu estrelado. Então eles viraram-se, invertendo seus lugares, ele por sobre ela, as pernas dela erguidas, firmemente seguras pelas mãos insistentes e ardidas, enquanto ele arremetia-se sobre a vagina dela, arfante, trêmula, dolorida de prazer... Ela soltava curtos e repentinos gritos descontrolados tamanhas sensações invadiam-lhe o corpo, como que possuindo-a. Ela virou-se de costas, oferecendo-lhe por fim sua oferenda sagrada e novamente ele consagrou seu desejo em homenagem às deusas da luxúria e da devassidão. Quando toda magia esgotou-se de seus corpos, eles derramaram-se sobre a cama e, entrelaçados braços e pernas, perduraram olhando-se nos olhos, admirando-se, deslumbrando-se, encantando-se... Ao nascer do sol novo ritual os esperava... 

Ao som de Exu Parade - Otto

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