segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Ser Mágica do Bosque Sagrado


Segue em frente, dizia uma voz misteriosa que me parecia emanar das árvores velhas daquela floresta ancestral. Mas o 'em frente' que essa voz me incitava era basicamente uma parede de arbustos um tanto espinhentos. Um pouco desconcertada, resolvi confiar e descobrir para onde esse caminho um tanto complicado e delicado poderia me levar. Desembainhei Ferroarda Ilaminada, meu sabre mouro encantado, capaz de esquentar ante a presença de ameaças, e comecei a abrir a trilha por entre aqueles cipós e galhos ressequidos e duros. Curva para a esquerda agora, segue por esta colina, subindo, atravessa esse desfiladeiro saltando com este cipó e as indicações absurdas continuavam, me levando sabe-se lá pra onde, por horas a fio. A água de meu cantil já estava quase no fim quando escuto um som reconfortante de riacho. Ainda bem, pensei, vou reabastecer meu cantil. Preciso de comida também, e continuei com os últimos golpes até um descanso necessário. Quando a lâmina abriu o primeiro olhar para a água, me deparo não com um riacho, como pensara, mas com uma lagoinha com uma cachoeira ao fundo. E banhando-se sob águas que brilhavam ante a luz que já se punha, havia uma mulher ou um ser mágico, não saberia dizer, de pele negra, nativa, cabelos ondulados e profundos, seu corpo inteiramente molhado e nu, olhando-me como se me esperasse. Caminhei até a margem da lagoa e novamente a voz das árvores me disse Dispa-se. E puxando apenas alguns laços em minhas vestes, elas se desfizeram e caíram na areia. Entrei na água, deliciosamente morna, e nadei em direção àquela pessoa que atraia meus sentidos e meus mistérios. O som da cachoeira tornou-se mais melódico, como se ondinas, elementais da água, ali cantassem. Em instantes meu rosto estava a centímetros do dela, seus seios quase tocando meus mamilos. Ela então me fez sentar na areia neste ponto da lagoa em que tinha a água pela cintura, e enlaçou meu corpo com suas pernas, sentando-se sobre meu colo já inquietado por sua presença. Envolveu-me com seus braços, pude sentir os mamilos dela roçarem meu peito, acelerando ainda mais meu coração. Estou aqui com você, não tenha medo, quero te fazer bem, muito bem, ela sussurrou no meu ouvido e delicadamente encostou seus lábios grossos e fortes em meu pescoço. A medida que ela beijava minha pele, meus músculos paravam de doer e as inúmeras feridas que a trilha me causara se curavam instantaneamente. Ela continuou beijando minha pele, enquanto seu quadril posicionava-se em mim, permitindo-me adentrar seu interior tão acolhedor. Ela segurou meus braços e colocou minhas mãos em sua cintura e me olhou nos olhos penetrando-me com sua presença poderosa. E senti um impulso tomar meu coração, beijando aquela boca encantada e curadora em gratidão e celebração daquela magia, daquele poder, daquela beleza, daquele ser que estava ali comigo por milagre, por mistério da floresta que me levara até ali. E nossos corpos iniciaram uma dança cósmica que galgava profundidades e montanhas de sensações de imenso prazer e espanto. Sentia que meu corpo poderia desmanchar-se a qualquer momento e ao mesmo tempo meus músculos nunca se sentiram tão vigorosos e desejantes daquele corpo que sobre mim dançava. Eu a amava, ainda que nunca a tivesse visto antes, ou ao menos era o que eu pensava. Mas talvez ela já me conhecesse tanto, de tanto tempo, ela já me observava e sussurrava no meu ouvido tantas mensagens e conselhos. Talvez eu já a conhecesse de cada flor e cada paisagem e cada toque vegetal e mineral que eu já sentira. Eu já a beijara nas ondas do mar, já a tocada escalando um monte, já a penetrara ao adentrar cavernas. Porque aquela mulher não era simplesmente um ser, era uma energia pura, uma manifestação da Vida, um movimento que me envolvia e tomava, inebriando e resgatando, trazendo-me de volta para o âmago da Beleza. Seu corpo exigiu de mim explosões, exaustões, exasperações, dentes e fluidos. E quando eu achei que ia desmaiar, ela me levou e nos deitamos na areia, abraçadas, pernas e braços entrecruzados, observando o infinito das estrelas em nossos olhos. 

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