quarta-feira, 20 de outubro de 2010

E se ninguém fosse par'a Guerra

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Ele via nela qualquer coisa de coragem explosiva e estúpida, capaz de se jogar mesmo sem asas, de se quebrar, mesmo sem anestésico, de ir embora, sem remorsos...

Ela via nela a energia vital, viceral, sanguínea e sanguinolenta... propulsora, motriz, geradora... Como o calor da fusão dos átomos, da criação do mundo, da destruição de tudo...

Ela... se via... como ela, somente... qualquer coisa sem nada, sem destino, fim, princípio, justificativa... Pro inferno com isso, foda-se aquilo... não importa, sabe. Aguarrar-se nela era impossível... Invisível, infalivelmente fatal e nebulosa, o que você via já não era mais e assim ela se ia, sem você perceber... Precisar de quê? Por quê? Nem da vida, nem da luz, nem de qualquer refúgio para olhos sensíveis... Ela se fundiu à sombra, atravessou as portas, mastigou as grades e decepou as veias... E ninguém poderia impedir. Já longe, em qualquer lugar inescrutável.
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Logicamente que os dois não aguentaram viver sem ela. Como o vício ou a dor que une... Qualquer coisa malignamente necessária... Quando ela se foi, tornaram-se estranhos... Ele não tinha ânimo para ir além, ficava a perguntar-se das possibilidades para as quais não estava indo... Ela ficou com aquela eterna dúvida ou culpa sobre quem fora o responsável... Como assim? O que aconteceu? Culpa minha? Culpa minha?... Fez então disso um amuleto para carregá-lo sempre debaixo da pele...
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Desfez-se então a Guerra... em cinzas de sua própria combustão... Ela facilmente renasceria em qualquer lugar, lábio, ódio, sangue, cruz...
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A Paz recolheu-se sob um véu e vagou... penitente... Vendo nos outros pessoas que se afastavam... somente...
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Ele diluiu-se na fumaça que restou... virou vento... virou ar...
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2 comentários:

Samis disse...

Mas foi Guerra que foi embora dessa vez?

Me explica...

=*

Lidiany Schuede disse...

Não há nada mais sublime do que a paz...