sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

"Ditos Diários" VI

Terça, 16:33

Sentada no quadro da bicicleta, enquanto pedalo pela trilha de pedras vermelhas diante do mar, o vento em nosso rosto, teus cabelos dançando na minha boca e brincando com meu nariz. Seguras no guidão para equilibrar-se, enquanto meus braços envolvem seus ombros. Vez-e-outra me olhas, me fixas em tuas pupilas castanhas de morrer, me desconcentrando e me esquecendo de pedalar, deixando a inércia do tempo suspenso do teu olhar levar-nos ladeira abaixo em uma atração mais forte que a gravidade. Pedala, moço, voa, segue aquelas gaivotas, aponta com tua mão clara, teus dedos de doce de leite, que eu quero descobrir o segredo do céu quando dorme com o mar. Sorri de teus absurdos que me enchem de graça, sapeca, fazes de propósito, queres me ver de bochechas doídas de tanto sorrir de ti, por ti. Na ladeira, sopras em meu pescoço, para aplacar o calor e o esforço. Enches meus balões com teu ar quente, percorrendo as veias e empurrando os músculos para o alto. Maldosa, ora largas a dianteira da bicicleta e segura-se nos meus ombros, envolvendo meu pescoço com um magnetismo hiperestésico e taquicardíaco. Tu sabes que assim eu não terei escolha senão inclinar-me até teus lábios. Olhos fechados. E o sonho guiando.

O céu de estocolmo - Nana - para sentir a brisa

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