terça-feira, 5 de abril de 2016

Blues-a-perto


De olhos fechados descubro sua pele. Minhas unhas desenham tua silhueta. Meus pés abraçam os seus. Minhas pernas caminham pelas suas. Minha boca lê seus poros em adorável recital. A presença nos põe para além de nós mesmos, meu ser transpassa o teu, enquanto as cortinas cerradas não deixam nada além de nós existir no quarto. O ar brisa o tempo, as horas gotejam, teus cabelos ondeiam no lençol, no meu ombro, no meu peito, tua boca me invade o âmago, o sonho, a respiração. As paredes azul, a cama blues, o chão madeira, o teto estrela, o afeto cheira a corpo, transpira, inspira. Aos poucos, nossos corpos se aproximam, se distanciam, se apertam, teus seios me desferem êxtases, os pelos do teu sexo se abraçam com os meus, nada mais importa, nada volta, tudo toca o instante, como uma droga, como um vício, como um precipício te olhar, cair na tua escuridão, ser-te todo coração, palpitar teu sangue, emergir em teu ventre, danar-me em ti adentro, afogar-me em ti sedento, esvaziar-me de tudo para ser teu transe, teu grande fulgor, teu se pôr, teu repousar sobre mim, teu deitar o rosto junto ao meu, teu sentir o meu bater acelerado do peito, teu jeito de me amanhecer...

O Piano - Phill Veras - a me tocar

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