Um som suave, quase irritante, algum tipo de sininhos infantis, tilintava. 6h45. Soneca. Felizmente o sol brilhava por entre a cortina entreaberta, revelando um céu consoladoramente azul. De olhos fechados, ela fingia ainda dormir, só mais um pouquinho. Demorou-se contemplando-a, o maior motivo que existia para levantar-se, tentando não incomodá-la. Pôs água para esquentar, fez tapiocas com ovos mexidos especiais, passou o café com um toque de canela, cortou uma laranja em quatro barquinhos ensolarados, em cada um deles colocando uma bandeirinha de madeira e papel, colocou tudo em uma bandeja e levou para o quarto. Duas gotinhas de óleo essencial de capim limão no aromatizador de tomada, yann tiersen tocando baixinho no celular, um beijinho delicado no canto dos lábios dela e então ela podia abrir os olhos, satisfeita com o que via, ouvia, cheirava, sentia, imaginava. Obrigada, amor. Hmm, são os melhores ovos mexidos que já comi na vida! Ah, coloquei um pouquinho daquele tempero especial que você gosta, que trouxemos de viagem. - Ama-me. é tempo ainda. Interroga-me. / E eu te direi que o nosso tempo é agora. / Esplêndida avidez, vasta ventura / Porque é mais vasto o sonho que elabora / Há tanto tempo sua própria tessitura. / Ama-me. Embora eu te pareça / Demasiada intensa. E de aspereza. / E transitória se tu me repensas. / Café da manhã com Hilda para que nossa segunda-feira seja mais bonita, ela brincou. O que falta agora para eu poder morrer feliz? Tirou a bandeja do colo dela e abraçou-a, rolando pela cama e colocando-a sentada em seu colo. Falta a sobremesa! Tão cedo? Nosso exercício matinal, elixir da juventude, disse, envolvendo o mamilo dela com os lábios, sentindo-o endurecer entre os dentes, delicados. Dança comigo, valsa no meu gozo, e levantando-se com ela no colo, suspensa em seus braços, penetrando-a no ritmo do piano e acordeão. 7h45. Está quase na hora. E juntos dançaram até o banheiro, encostando-a na parede, apertando seu quadril, tirando-lhe gemidos gostosos e ondulados, enquanto a água começava a vestir-lhes de rios e cachoeiras. O sabonete líquido encarnado favorito espumou-lhes as peles, cheirosas, e logo ele já estava enxugando-lhe as costas enquanto a penetrava, incansavelmente. Venha, me beije, e ela ajoelhando-se, fez carinhos aprofundados no seu amor. Limpando os lábios, levantou-se e beijou-lhe a boca, gostinho de sexo. Saíram do banheiro respingando um pouquinho de tesão ainda, vestindo-se rapidamente, porque já era hora de partir. Lindo dia, amor. Te amo. Te vejo mais tarde.