sexta-feira, 2 de julho de 2010

"Expulso por bom motivo" (de casa)

Se ela quer o pedestal,
O estreito e rarefeito cume do poder
Não é por mal...
ninguém há de negar.

Não é por má-in-tenção
Ela pode ser toda coração
O suposto amor inigualável
O suposto bem maior que todos...

Mas a grande questão
é a pequena-grande confusão
feita entre os fins e os meios
trocar destinos por anseios

Fazer da casa prisão
Fazer de si solidão
Fazer do outro compensação
Não funcionará, não...

Assim, a altura da ternura e da experiência
Torna-se em imposição da dependência
Identidade má-definida em terceiros
Pensa-se que é leite ao invés de seio

E exige do que bebe o controle da sede
Do que dorme, o controle da cama
Do que vive, o que ela quer ver

Não, infelizmente não...
Quer poder? Tenha-o só
O poder só tem um poder, isolar, dividir, quebrar... (violentar)
Infelizmente... é o que queres?... Terás...
Não vou impedir sua última vontade
E se algum dia você mudar
Jamais irei negar
O simples, puro, afeto do igual
Do semelhante, que está ao lado
E não a baixo...

Infelizmente, então
Sofro o exílio
Antecipado
Imprevisto
Forçado
Fruto da violência da relação
Do seu querido poder

E não vou mais voltar
Mas iremos nos encontrar
Se quiser estar ao lado...
Estarei logo ao lado...
Lado a lado...

Adeus, poder...
Ah, Deus Poder
Há de poder
se libertar...
e encontrar
a si... como igual.

Se...

Um comentário:

Clara disse...

Quase chorei. sério mesmo.