terça-feira, 22 de maio de 2012

Ru-ela

 
Brincando de filme de suspense. Exorcisando, abrindo covas, dissolvendo fantasmas, limpando porões, arrancando teias, tudo. Quero este quarto claro, leve, iluminado. Quero este corpo solto, sem dor, disposto, elétrico, magnético, hiperestésico! Quero cortar todos os nervos velhos, sujos, frágeis... exponho minha fragilidade para que quebre... quero que tudo quebre, quero voltar à terra, fazer-me areia... fazer-me grão... até a menor parte... erodir-me, corroer-me, rasgar-me, despedaçar-me, até não sobrar nada... O que sobra? Assusto! Grito! Do pior de mim não tenho medo... enfrento-me... Desfazer tudo que fizeram de mim... tudo que se fez nessa vida, que não fui eu, fui eu, mas sem mim, apenas, eu nesse redemoinho de gentes que vivi sem entender, sem entender-me... montoeiras de poeira - estranho a mim mesmo... confundindo-me, escondendo-me, encarcerando-me em cantos inalcançáveis... quero desestranhar-me... um processo doloroso, um processo amedontrador... mas a única forma de destermer-se, é viver cada medo o mais intenso possível, vivê-lo, sofrê-lo, encará-lo, desafiá-lo, xingá-lo, convidá-lo, abraçá-lo, fuder com ele! Ah, morrer, para viver... Só quando perder todos os medos, posso respirar o ser... Só quando perder tudo... perder, perder, perder... e quando não sobrar mais nada?! Serei tudo! E o que é ser tudo? Todo jeito, todo tipo, todo impulso, todo gênero, todo fazer, todo querer, todo não querer, todo não-tudo, tudo e não-todo...

Uma música - Mobscene - Marilyn Manson

Outra - Medo - Pitty



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