Sem chão, sem raiz, sem referência, sem ponto de partida ou de parada, sem dó, sem ré, sem mi, sinto uma angústia partida, rachada, fumegante, como um chá bem quente transbordando nos dedos, na garganta, nos nervos... Parar! Só quero parar! Rápido, tão rápido! O tempo se desmancha ante meu olhar, meu sentir. Sinto uma implosão chegando, como uma grande erupção dentro do sangue... Perdido, desorientado, indo para todos os lados e lado nenhum... o que quero é demais, é tanto, me inunda, me derruba, me encharca... Soterrado por mim mesmo, tento respirar, encontrar ar, amar... a-mar... a espuma do (a)mar me desembaraça, me enlaça, me enleva, me desespera... mas, na manhã seguinte, a ânsia pelo caminho me faz correr... e correndo, tropeço nos próprios cadaços... mas como, se estou descalço?... E a cada queda, desanimo, mas com o vento no rosto reanimo! E subo e desço, como uma colina... quero e desquero, como a maré... a lua me ilumina um caminho qualquer... mas o escuro às vezes toma a vista, me perco... desoriento... desgarro... de novo e de novo... rodo... uma ciranda só no aberto do tempo... do espaço desperto... deserto fértil... o isolamento unido, repleto...
Nada sei... mas me custa aprender esse desaber...
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