domingo, 23 de junho de 2013

quieto...



A cidade parece vazia. Todas as lâmpadas apagadas. Todos os espíritos reclusos em seus quartos seguros, em solidões ou aconchegos inatingíveis. Os corpos estão nus ou agasalhados, com frio invencível ou um calor humano acolhedor. A escuridão tão silenciosa que não se consegue falar nem pensar nem mesmo piscar. A única melodia possível é a dos batimentos cardíacos descompassados entre todos os seres existentes. Um início de noite de céu nublado e negro e arroxeado e vazio... E tudo que existe parece um adiamento do que está para chegar, ao amanhecer... Uma família acende uma fogueira na rua para inundar os pulmões de fumaça fantasmagórica. Duas mulheres molham-se n´uma ducha a luz de velas azuladas de lanternas chinesas balançantes na parede. Uma criança olha impassível para uma tela iluminada que distrai-se eternamente. Um jovem sentado a beira da praia escura e ruidosa de ondas que nunca se cansam de valsear escuta o tempo e vê o invisível. Aquela menina deitada na rede de olhos fechados sente a imaginação que lhe conta histórias de porvir. A noite envolve tudo como um espírito do mundo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Msm quieto vc fala muito ainda! Sabia? rsrsrs
Fala com olhos, fala com gestos tão ternos e tão calorosos, fala com as pontas dos dedos, com o abraço e o afago, fala com os lábios que msm em silencio mostram quereres, quereres bem e bem muito!!!
*_+