terça-feira, 27 de maio de 2014

Carta de Princípios de mim


Princípios são ideias assumidas, concepções de ser humano, de sociedade, de vida, que regem a compreensão, o ser e estar no mundo, as relações, os objetivos, os caminhos, sonhos e utopias. Consequentemente, apesar de não serem eternos e imutáveis, são significativamente sólidos e fortes. Neste momento, eles são para mim inegociáveis, irredutíveis, indispensáveis. Sendo assim, tento agora expressar os meus:

I

Dignidade Humana - Ou a garantia e exercício das qualidades ontológicas do ser humano, daquilo que faz do ser humano realmente humano. Ou seja, a criatividade, a liberdade, o potencial transformador, a estética, o prazer, a alegria, a cooperação, a diversidade, a imprevisibilidade, o sonho, a utopia, o afeto, o amor.

II

Autonomia e soberania dos sujeitos - Isso significa que eu entendo e vivo na perspectiva que cada pessoa é dona de si mesma, única e exclusivamente, sendo responsável por sua vida, decisões, posturas, emoções, objetivos, ações. Ninguém tem nem deve ter poder sobre ninguém nem pode/deve mandar ou obedecer ninguém. Cada um gere a própria vida, conforme as próprias ideias, rumo aos próprios objetivos, individuais e coletivos.

III

Antiautoritarismo - Decorrente da assunção da autonomia e soberania dos sujeitos, recusa-se integralmente toda e qualquer forma de autoridade, entendida como figura de poder e superioridade, seja uma pessoa, uma instituição, ou o Estado. Ninguém pode nem deve impor nada a ninguém, e se tentar, a única coisa que se pode fazer é resistir, não aceitar e impedir qualquer imposição.

IV

Liberdade das Relações - Entendendo e reconhecendo a todxs como sujeitos autônomos e negando qualquer forma de autoritarismo (poder de um sobre o outro), entende-se e pratica-se relações sociais, afetivas, sexuais, profissionais, espirituais, energéticas e de qualquer outro tipo a partir do princípio da liberdade. Cada um é livre e responsável por fazer o que quiser, levando em consideração o respeito e bem-estar dx outrx, valorizando-x e dignificando-x. Todas as relações precisam estabelecer-se pela livre associação de cada um.

V

Tudo está em movimento/ é impermanente - Compreendo que a Vida constitui-se pelo movimento. Tudo está em constante transformação, criando-se, destruindo-se, recriando-se. Nada se repete. Sentir e viver o movimento é a própria maneira de viver. Cada ser tem seu próprio movimento, conectado e em relação ao movimento da Vida. Resistir ao movimento, apegando-se às coisas, situações, pessoas, é uma ilusão, posto que é impossível impedir o movimento, resultando unicamente em frustração e sofrimento.

VI

Tudo é parte do Todo, tudo está conectado
- Existe a Vida. Tudo é a Vida, pois tudo está em movimento. Sendo assim, nada está separado, mas tudo compõe essa totalidade que é a Vida, transformando-se constantemente, em relação a tudo e com tudo. A sensação de separação é uma ilusão decorrente de nosso apego ao impermanente. Incapazes de segurar o impermanente, sentimo-nos separados do Todo. Na medida que seguimos o movimento, percebemos nosso pertencimento, nossa essencialidade, nossa integralidade no Todo, na Vida. E se tudo está conectado e não estamos isolados, é uma ilusão pensar o indivíduo isoladamente, como se ele não estivesse conectado e em relação com tudo. Sendo assim, viver e agir coletivamente e colaborativamente é uma manifestação desta conexão.

Nenhum comentário: