segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Duas meia-noites...


Busco refúgios às dores que me causam... encontro explicações que me protejam... Traço um caminho com as minhas pedras... deixo que se quebrem as pedras alheias... às quais, antes, partiram sob meus pés... Procurei-me nos outros e não olharam para mim... Hoje me pergunto "por que deveriam?"... Apenas é o que simplesmente é, apenas fazem o que querem fazer... como eu iria impedir? Não existem meios para tal. E hoje eu não espero por ninguém, não espero que ninguém apareça, nem conto com essa presença incerta... Quem está ao lado é contemplado e tratado como dádiva... Algo que me é dado pelo caminho da vida... E cabe a mim viver esse momento. Quem me acompanha nesse caminho, é tida como a graça... a bela e infinita graça de duas flores entrelaçadas descendo a corrente do rio... Não a procurei, por isso a encontrei. Não me obrigou, eu simplesmente a amo. Ninguém se conquistou, mas nos cativamos e nos apaixonamos. Afinados como um acordeão e um baixo acústico... em uma valsa de duas meia-noites.

Mas, aprendiz eterno, vez por outra erro a nota, esqueço um acorde, e desafino... e o som causa mágoa... e a mágoa acústica me estremece o peito, esmaga o estômago e enregela a mente... Quero aprender... quero que a música seja perfeita... todas as notas deste dueto harmônicas, belas, uníssonas... mas às vezes erro... não quero perder a música... temo que se partam cordas e se apaguem sons que eu amo... Rogo para que esta canção seja tão natural que se recrie após as tempestades, que as sementes jogadas a cada dia nasçam, refazendo as paisagens danificadas pelo erro... meu erro... A Natureza é eterna e infinita... espero que nossa música seja assim, natural... (eu sinto que é...)


"A dor é inevitável, o sofrimento é opcional"... dizem que disse Carlos Drummod.


Me dói quando faço sofrer...

2 comentários:

Samis disse...

"Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio
E nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.
Porque o amor basta-se a si mesmo."


(veja seu e-mail...)

Samis disse...

O texto ficou lindo demais.

Vou guardar.