sábado, 27 de abril de 2013

Cinzazul...

Parados como uma árvore velha com as folhas úmidas da chuva - chuvinha que caia como sininhos ciganos nos tornozelos das nuvens - olhavam o vácuo do tempo em busca de imprecisões... Conhecidos desde ontem, trocaram nada mais que treze palavras excessivas... Unidos por goles de chá ardido de raiz e erva untado de mel dourado de cheiro aromatizante, banhavam-se da luz fria da tarde que morria... A morte presente nos átomos, no oxigênio, no fogão queimado, no quintal tomado de eras, fazia-se diálogo de silêncio entre o soprar e sorver o líquido fumacento nas xícaras frágeis nos dedos longos... Como foram parar naquelas cadeiras de boteco na sala de estar? Sala que era varanda e cozinha e um pouco de terraço também... Quem fazia a chuva, o coração nublado dele, os olhos trovejantes dela, ou a simples ausência de estrelas no céu?... Não importa. O relógio parou e ninguém tinha para onde ir no dia seguinte... podiam-se demorar preguiçosamente um perto do outro até descobrirem o que os intrigava a não querer partir... 

Kill me twice - The Delano Orchestra - uma música

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