domingo, 28 de abril de 2013

Ébrio como a noite...


Dançava na pista, no palco, na rua, no centro dos círculos de corpos ritmados... dançava com seus quadris rebolando na batida dos sons e dos batimentos de fora e de dentro e ombros e mãos suavemente deslizando pelo ar de forma insinuante, mostrando a quem quisesse ver que ela fazia a música com seus movimentos e não o contrário... seus pés e joelhos vibravam, na ponta dos pés, balanços ínfimos, jeito de gingar, concretizando os sons no corpo, materializando as notas acordes instintos... cabelos negríssimos ondulados ondulando sobre os ombros caindo sobre os seios incendiados por baixo daquela blusa branca folgada solta e top negríssimo na pele chamuscada de sol... olhos fechados cílios derramados n´uma expressão indecifravelmente irresistível... a boca como mordendo-se, comprimida, úmida e saliente, lábios grossos mas pequenos, nítidos, líquidos, rígidos... no tornozelo esquerdo serpenteante a tatuagem provocante de fruta madura sangrando orvalho mordida e desejada... unhas pintadas de preto carvão vulcânico, pés descalços, anel no dedo do pé, tornozeleira prateada, brinco mínimo como gota de sede no umbigo...

Ela não sabia mas sabia-se observada... dançando como ela, com ela e a distância, no mesmo ritmo de corpo que quer e não pode deixar de dançar... na mesma imersão ébria que responde todas as perguntas que nem deviam ser feitas...

Para dançar - The Look - Metronomy

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