quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Olvidar
Balança-se. Num parque vazio. Folhas caídas no chão, amarelas. Pássaros poucos, sem cantar. Vida, nenhuma ao redor. Sem amor, sem amor, balbucia ao se balançar. Como uma anti-forma de se impulsionar. Descobre que tudo que faz serve como anestesia, para que não sinta a dor que sente. Ela está lá, mas ele não sente, passa bem. Percebe que tudo que faz serve para que não pense, que não sinta, que não lembre. Esquecer, forçosamente, esconder tudo na mente, colocar em baixo do tapete, enterrar em buracos e perdê-los, deixar tudo pra lá. Balançando-se, olha pro céu e o vê passando, indo e vindo, como hipnotizando-o, enlouquecendo-o... perde os sentidos, perde a vontade de estar, perde, porque não quer encontrar nada... Levanta-se e vai na sorveteria ali perto, lembrar como é a sensação fria na boca, qualquer sabor de fruta serve, qualquer casquinha quebradiça serve. Depois desce ali na beira do rio e deixa a água banhar os pés, para lembrar como é a sensação fria nos dedos. E fecha os olhos para a brisa vandalizar-lhe a alma, para se lembrar como é a sensação fria nos cabelos... E lembra que o jeito foi esquecer tudo, essa sensação fria aqui dentro...
Fondu au Noir - Coeur de Pirate - para sentir um friozinho bom...
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