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Pra não ir a pique
Há momentos em que o equilíbrio não é possível... porque ele não depende só de nós... como parte do todo, em relação com tudo, o equilíbrio não é apenas uma questão pessoal, individual. Depende, também, de nosso estar com o mundo, com os outros. E depende de como os outros, que estão próximos, ao redor, conosco, ao largo, com quem queremos estar, por quem nutrimos afetos, energias, quereres, sentimentos, vontades, depende do que elas e eles querem fazer, como querem ser e estar... E assim, o equilíbrio se torna tão tênue quanto pressão atmosférica, que repentinamente cobre o céu de nuvens, transforma o abafado em brisa alegre, derruba árvores de profundas raízes com ventos ainda mais profundos... E neste balanço de mar agitado, equilibrar nosso ser, nossas emoções, nosso bem-estar-mal-estar, é, de fato, não um buscar o equilíbrio, mas a gestão dos nossos desequilíbrios e o desfrute dos imprevistos e ocasionais momentos do tal equilíbrio.
Esta bem-mal-dita gestão é um suportar frios, entregar calores, dar e receber um tanto, não necessariamente nas proporções desejadas ou na proporcionalidade mais adequada... Como relações não são uma questão de matemática, nem convivências e sentimentos são mensuráveis, ficamos com a tarefa de gerir nosso vazio interior quando sentimos que nos falta tanto, que nos sobra muito, que as coisas muitas vezes não são como gostaríamos, mas como podem ser... E, sem controle de nada além, minimamente, ao menos um pouco, de nós mesmos, vamos segurando as pontas, as velas, as cordas, botando água pra fora, limpando o convés, remendando as tábuas partidas, os buracos no casco, na persistência de não vir a pique, o que quer dizer: afundar...
Pois é - Transmissor - uma música de LH
If I Fell - Beatles - outra
Imagem: Jorge Rodríguez-Gerada
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