Há muito tempo não vinha ao céu noturno fazer chover as letras de minha insônia. E hoje nem mesmo sinto qualquer empecilho ao sono... apenas uma recente falta de costume em recolher-me cedo e deitar na cama solitária e fria. Habituei-me a afogar o sono nos prantos do desejo, deixando-o levemente deslizar pelas frestas da rede ou arestas da cama, refugiando-se, assim, longamente, em qualquer lugar esquecido até o passar da madrugada, à espera da luz matutina e da ordem imperiosa da exaustão. E ante tal autoridade, tentava, ainda, levantar o braço da vontade em demonstração de indisciplina e audácia, tremulamente apertando-me à carne e ao suor da minha vida. Sim, velozes e extasiantes dias desregulados de noções e dimensão temporal, percorri os primeiros olhos da manhã na ânsia de uma revolução dos meus limites, via a maturidade das primeiras horas do dia impingindo-me um sólido cláustro de sonolência e sonho e finalmente as altas estações da tarde encontrarem-me para qualquer tarefa que exigisse da mente mais de um metro do chão, física e mentalmente falando. O aspecto mais marcante desse poema experienciado foi a pura e inesgotável vontade de estar o mais perto possível, esmiuçando todo e qualquer detalhe que estivesse à mãos, olhos, ouvidos e tatos... também o palador viu-se convidado à aventura de sentidos que jamais se poderá esquecer, apesar do nascido ímpeto de superar cada vez mais as glórias e recordações, com maiores exaltações e sensibilidades... vejo que todo o tempo foi curto e incapaz de colher a vasta turbulência de espíritos e desígnios e realmente só será possível alcançar o ápice n´uma qualquer manifestação do nirvana, a iluminação, a combustão total de tudo que houver em ambos os seres...
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Quero para mim (e ouso julgar possuir) a verdadeira loucura dos apaixonados tão bravamente exercida que cada dia é a mais venturosa descoberta...
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...Quero para mim mais dias de ti....
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