Ele não tem o dinheiro da selva de pedra. Como viver se tudo é tão estéril? Há fábricas de bonecos que trocam sangue por moedas. Vivendo do próprio sangue, a maioria se prostitui em currais e matadouros. O pensamento é proibido por lei publicada no jornal oficial do coração - ou seja, cada um cuida de autoproibir-se pensar. Tudo graças ao templo escolar da tolice. Se ainda assim nascem "ervas daninhas" (pensamentos), são tantos psico-tóxicos que são todos deformados, putrefatos, aleijados. A palavra de ordem é aceite. Compra-se aceitação, paga-se para esvaziar-se por inteiro nesta Igreja do (des)saber. Mas ele não tem esse dinheiro, ele tem suas veias intactas, sua cabeça cheia de pensamentos proibidos e vive, então, quebrando pedras. Quebrando as pedras de qualquer estrutura que encontre e tirando dessa tentativa de destruição o que houver de sobrevivência. Sofre cotidianamente todas as violências - Cada animal bípede que passa lhe ofende e amassa. Os monstros de fumaça lhe arrancam o ar como dragas arrasando áreas pulmonares. Seu sangue se derrama, mas ninguém lhe paga, pois isso nenhuma riqueza (carnívora) gera... Então, sua última e fatal decisão, preparar-se com todo o ódio que colhe dos jardins e cata nas latas de lixo, para tornar-se uma bomba de ácido 'misérico' de hidrogênio - a mais poderosa bomba já criada. Ele não está sozinho, sabe que como ele, há trocentos milhões de ignorados, apartados, marginalizados, seguindo o mesmo caminho, tornrem-se formas multidestrutivas. Quando chegar a hora, eles vão explodir, vão explodir tudo, arrancar das placas as cifras, rasgar das vitrines as etiquetas, despedaçar as fachadas e as muretas, incendiar os bancos-calabouços de inocências, para libertar todos da "liberdade" da mentira que todos bebem dia-a-dia como se fosse água. Por enquanto ele apenas se prepara. Arranque logo seu ódio do jardim antes que ele pegue. Recicle, transforme em algo mais humano e assim talvez evite o apocalipse tão esperado.
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