segunda-feira, 30 de abril de 2012

Interlúdio

As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.

Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente - claro muro
sem coisas escritas.

Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.

Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.

Fico ao teu lado.

Cecília Meireles

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Desta vez o frio na pele não doeu
porque o espírito ardia de afeto

Desta vez a dança foi de dois,
entrelaçados em uma sincronia leve e alegre,
ao invés daquele torpor que me acomete
de isolameneto, aquela introspecção fugidia
de olhos fechados que se bastam

As dúvidas angustiosas se curaram ali mesmo,
pelo cuidado da entrega...
Resolveu e conseguiu não se ator-doer
mas antes, abandonar-se na brincadeira dela...

A surpreendente cena
por um momeneto tornou-o platéia quase ausente,
mas em seguida, convidado, aceitou...
aceitou tão fortemente que cerrou os dentes
os dedos e a pulsação...

O toque chegou cada vez mais na pele,
os dedos sentiram mais, o calor subiu
estava lá, de fato... nem menos, mais...

A dança, a música, como uma substância
pulou do lugar dos julgamentos e pensamentos vãos...
levando-o/nos onde o que importa é sentir

Após suar todas as fraquezas
tóxicas, foram rumo ao amanhecer do aqui

N'uma madrugada se desconbriram mais do que 
jamais esperavam... 
Dizer coisas difíceis é libertador...
Guardar em si certas trevas não é nada bom
O partilhar ilumina a noite e as nuvens de baunilha
adocicam as horas úmidas do espírito

Um dia imendado n'outro
incontáveis momentos - êxtase... 

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