quinta-feira, 19 de abril de 2012

Réplica

Cariño,

Nada sei [,] contigo... e, contudo, sabemos tudo... debaixo da pele da alma existem todas as respostas... debaixo das unhas dos desejos temos todas as dúvidas... A verdade e a dúvida são uma mesma correnteza, fluindo, indo... límpida porque em movimento...

Então, o quê? Por quê? Se tudo, se nada, se mais e menos, se quente e frio, se mundo e vazio, se medo e destemor... verdade e mentira... Tudo que é, ao mesmo tempo não é...

Fico tonto... fico mudo... me perco. Comigo, contigo, penso, esqueço, desejo, desespero...

Seria eu inconstante? Já escrevi isso certa vez, há anos, muitos, n'uma época em que eu era ainda uma rocha, um quebra-mar... ondas e mais ondas, até virar-me praia... ou o contrário...

"Toda vez que penso me conhecer, percebo que não sei nada sobre mim"... Foi algo que pensei há algum pouco tempo atrás...

É isso... há um grande problema no saber... quando pensamos que sabemos, é esta a maior prova do inverso...

Não pense que sei de algo...
Faço perguntas justo por não saber...
Talvez...
..............Acho que só é possível
...................compartilhar... e fazermos nossas respostas, rascunhá-las, rasgá-las, trocá-las de tempos em tempos.

Se tenho uma inconstância, é nas certezas...

Não fuja... (?)
O que é fugir? (risos)
Sugiro fazer o que lhe convir, o que lhe der mais prazer ou o que for mais difícil...
Não, não sugiro nada.
Calo.

Apenas sinto...
..............(des)sinto
..............(Ab)sinto
..............(mentira)


O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

F.P.

Uma música - do amor - Tulipa Ruiz

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