Quantas vezes a ausência de palavras responde perfeitamente as perguntas feitas, sendo o silêncio tão rico de sentido que qualquer som destruiria a verdade que estava sendo dita? Quantas vezes uma faísca ou um brilho fosco no olhar já são suficientes para responder à perguntas como "tudo bem?", cabendo ao autor do questionamento o entendimento profundo, os entusiasmos ou as condolências? A forma contraída da boca, a palidez da pele, a tensão dos ombros, a tranquilidade do rosto, um olhar direto ou seu desviar, tantas são as respostas que damos às perguntas sem precisar de palavras. Que bom seria se nossos sentidos fossem plenamente capazes de absorver tudo quanto nos é dito involuntariamente. Gostaria de poder ler teu pensamento através do estremecimento ou maciez da tua pele, e reconhecer no canto dos teus olhos cada grama de emoção, fuga ou procura. Dialogando com o silêncio aprendo a fazer isso, fazendo com que os sentidos se estiquem até o outro e ouça seus murmúrios. Libertar minha hiperestesia e ouvir a música de tudo. Confesso que há certa contradição no exercício isolado de outros, mas, por enquanto, é preciso a preparação prévia antes da próxima e derradeira enxurrada de sentidos, quando cada partícula do corpo contará uma longa história sobre nossas vidas, sem rasgar os véus do mistério, excitando-os, inclusive. Mas é curioso perceber com que plenitude o silêncio preenche o espaço e quão criminoso nos parece quando nossos silêncios parecem agravar os abismos. Não é esse seu propósito e nunca deveríamos forçá-lo a isso, ao contrário, devemos descobrir e aprofundar as infinitas pontes lançadas ao outro através do silêncio, o silêncio...
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
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Um comentário:
Fico tão contente...
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