Dois ou três correndo e rindo através daquela paisagem cinza. As rachaduras nas paredes úmidas pareciam tão divertidas quando estavam juntos, naquele grupo, naquela folia, naquela festa sem balões ou bolos ou serpentinas, simples festa por estarem ali juntos. Os prédios abandonados que flanqueavam o caminho eram agradáveis aos espíritos jovens e despreocupados, corações de amigos. Seguravam-se as mãos, rodapiavam, pulavam, subindo sobre caixas, jogando-se nos ombros uns dos outros, perseguindo-se, gritando, gargalhando, caindo no chão, abraçados, piadas e pedrinhas arremessadas para ver quem conseguia atirar mais longe, desenhos nas paredes com gravetos molhados e apodrecidos, brincando de olhar os reflexos nas pocinhas de água nas irregularidades do chão, jogando os casacos para o alto para ver quem pegava, pega-pega, ciranda, adivinhação! Nossa, era bom. Uma entrou pela entrada do galpão à esquerda. Atravessou, passando pela porta do outro lado, chegando no limite do cais, onde as águas cinzas e paradas esperavam serem despertadas por qualquer alegria inesperada. Pulavam! Estavam vivos! Ê^^! Um pegou uma flautinha, a outra uma pandeirola, começaram a cantar umas musiquetas e dançar como carrosséis. E magicamente a canção de vitrola de cavalos e carruagens circundando um eixo fez-se soar e eles viram logo a frente um parque perdido naquele espaço. Correram pra lá, vendo quem chegava primeiro, mas os braços uns dos outros se encontravam e se impulsionavam. Estava totalmente vazio, mas as luzes se acenderam sozinhas! Devia ser obra de fadas e duendes daquelas paisagens misteriosas. Correndo através dos brinquedos, ouvindo as músicas, pulando sobre as muretas, os portõezinhos, eles aceleraram o ritmo do carrossel encantado e sorriam sorrisos maiores que o céu! Os corações eram caixinhas de música enlouquecidas que brincavam feito crianças hiperativas. Estavam felizes, estavam eufóricos. Não faziam perguntas, apenas apontavam outros brinquedos, outras formas de brincar. Dois ou três jovens dentro de espíritos de aventura. Não se cansavam, não viam o tempo passar, se chovia ou esfriava, não havia nada que os fizesse parar!
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